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Punido delegado que associou chacina a "briga de vagabundo"
Antonio de Souza foi afastado do 46ºDP e passará a exercer funções burocráticas
Ele fez a associação ao ser questionado sobre o crime em que 7 jovens morreram
numa praça de SP, na maior chacina do ano no Estado
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Antonio de Souza
perdeu ontem o cargo de chefe
do 46º Distrito Policial, em Perus (zona norte de São Paulo),
um dia após ter declarado à Folha que a maior chacina deste
ano no Estado foi uma "briga de
vagabundo".
Sete jovens foram assassinados -dois deles mulheres- no
último domingo à noite em
uma praça no Jaraguá (zona
norte da capital), após quatro
mascarados em duas motos
dispararem mais de 50 tiros.
Duas vítimas estão internadas.
A autoria do crime ainda é
desconhecida pelo DHPP (Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa), que preside
o inquérito. Um suspeito foi
identificado, mas ninguém foi
preso. Testemunhas suspeitam
do envolvimento de policiais
militares. Já a Polícia Civil
acredita se tratar de acerto de
contas do tráfico de drogas.
Segundo afirmou a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, o ex-titular
do 46º DP foi transferido de
função por conta do que falou à
reportagem. Ele permanecerá
como delegado, mas perdeu o
cargo de chefia e fará serviços
burocráticos na 6ª delegacia
seccional em Santo Amaro (zona sul) -o salário, porém, permanece o mesmo.
O 46º DP, onde Souza trabalhou por 14 meses, registrou a
ocorrência do crime, que depois passou ao DHPP.
O secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão,
afirmou ontem à rádio Jovem
Pan que as "declarações [de
Souza] não são compatíveis
com a posição de um delegado
de polícia em serviço".
Na reportagem publicada ontem pela Folha, Souza disse
que "neste país é pobre roubando pobre. Isso é briga de vagabundo", ao responder o que
teria acontecido na praça.
Questionado sobre o fato de
nenhum dos mortos ter passagens pela polícia, Souza respondeu: "Não tem passagem, e
daí? Você tem passagem? Você
pode matar alguém".
A Folha ligou para o celular
de Souza, que ouviu a pergunta
sobre sua transferência, mas ficou em silêncio. A reportagem
voltou a ligar algumas vezes,
mas não foi atendida.
Colaborou DANIEL BERGAMASCO, da
Reportagem Local
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