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BARBARA GANCIA
Lula 100%?
Vale lembrar que o árduo trabalho para chegar onde estamos foi iniciado no governo de Itamar Franco
NÃO SEI O QUE o dileto leitor
anda fazendo de bom ultimamente. De minha parte,
eu estou sentada esperando para ver
o governo Lula atingir 100% de
aprovação popular. Do jeito que a
coisa vai, isso não tarda a acontecer,
n'est-ce pas?
Dizem que Lula é um sujeito de
sorte. Mas será que a sorte não é
mais nossa do que dele pela benção
de uma luz de cima o ter iluminado
na hora de colocar Henrique Meirelles no Banco Central e, na Fazenda,
o candidato do PT às eleições presidenciais de 2010, Antonio Palocci?
Abro aqui um parêntese para informar que apostas sobre o sucessor de
Lula, valendo picolés de limão, podem ser enviadas ao meu e-mail:
barbara@uol.com.br.
Nesta semana, a economia tapuia
festejou o "investment grade". Para
quem não sabe, fundos de pensão do
mundo inteiro, sobretudo aqueles
que compram títulos internacionais, são impedidos por lei de investir em papéis que não ofereçam um
mínimo de segurança.
Pois, a partir de agora, esses fundos, que concentram a poupança da
velhinha do interior da Noruega e do
aposentado do Wyoming, poderão
começar a aplicar seu dinheiro em
nossos títulos públicos e privados.
O equilíbrio das contas públicas e
da balança de pagamentos e as reservas em moeda estrangeira em
quantidade suficiente para bancar o
resgate desses títulos fizeram com
que o Brasil, finalmente, superasse a
barreira do "investment grade".
É uma boa notícia? Sim, excelente. Mas vale lembrar que o árduo trabalho para chegar onde estamos
agora foi iniciado lá atrás, no governo de Itamar Franco. E que essa dura labuta continuou a ser levada
adiante durante o governo de FHC,
apesar do trágico hiato ocorrido na
época em que Gustavo Franco estava a frente do Banco Central, quando US$ 40 bilhões em reservas foram detonados na aventura de manter o real em paridade com o dólar.
Lula teve o mérito de peitar o seu
partido e respeitar a mesma ortodoxia na economia de seus dois antecessores. Junte a isso a calmaria na
economia mundial e a sensibilidade
em turbinar programas sociais e
chegamos ao famoso consenso búlgaro dos 100% de aprovação. Explico: os governos comunistas da Bulgária costumavam atingir incríveis
99,7% de aprovação popular.
Com o "investment grade", o Brasil deixa de ser um país exótico. À
medida em que a velhinha do interior da Noruega e o aposentado do
Wyoming forem aplicando suas
poupanças de uma vida inteira de
trabalho em títulos brasucas, eles terão mais interesse em nos conhecer.
E poderão constatar que, apesar da
violência e das injustiças que existem por aqui, nós possuímos ilhas de
excelência. Como o nosso modelo
energético, por exemplo, que apesar
de sui generis, é coisa séria para
gringo nenhum vir espinafrar.
Pelo momento, das grandes empresas de rating, só a Standard &
Poors considera o Brasil um bom investimento. Isso nos dá uma nota
cinco na avaliação geral. Note que
Chile, México e Colômbia também
já obtiveram o "investment grade".
Para sermos um aluno com média
acima de oito, precisamos continuar
firmes no caminho trilhado por Itamar, que, na opinião desta humilde
datilógrafa, deveria ser celebrado
desde já como o melhor presidente
tapuia pós-regime militar.
barbara@uol.com.br
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