São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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BARBARA GANCIA

Lula 100%?

Vale lembrar que o árduo trabalho para chegar onde estamos foi iniciado no governo de Itamar Franco

NÃO SEI O QUE o dileto leitor anda fazendo de bom ultimamente. De minha parte, eu estou sentada esperando para ver o governo Lula atingir 100% de aprovação popular. Do jeito que a coisa vai, isso não tarda a acontecer, n'est-ce pas?
Dizem que Lula é um sujeito de sorte. Mas será que a sorte não é mais nossa do que dele pela benção de uma luz de cima o ter iluminado na hora de colocar Henrique Meirelles no Banco Central e, na Fazenda, o candidato do PT às eleições presidenciais de 2010, Antonio Palocci? Abro aqui um parêntese para informar que apostas sobre o sucessor de Lula, valendo picolés de limão, podem ser enviadas ao meu e-mail: barbara@uol.com.br.
Nesta semana, a economia tapuia festejou o "investment grade". Para quem não sabe, fundos de pensão do mundo inteiro, sobretudo aqueles que compram títulos internacionais, são impedidos por lei de investir em papéis que não ofereçam um mínimo de segurança.
Pois, a partir de agora, esses fundos, que concentram a poupança da velhinha do interior da Noruega e do aposentado do Wyoming, poderão começar a aplicar seu dinheiro em nossos títulos públicos e privados.
O equilíbrio das contas públicas e da balança de pagamentos e as reservas em moeda estrangeira em quantidade suficiente para bancar o resgate desses títulos fizeram com que o Brasil, finalmente, superasse a barreira do "investment grade".
É uma boa notícia? Sim, excelente. Mas vale lembrar que o árduo trabalho para chegar onde estamos agora foi iniciado lá atrás, no governo de Itamar Franco. E que essa dura labuta continuou a ser levada adiante durante o governo de FHC, apesar do trágico hiato ocorrido na época em que Gustavo Franco estava a frente do Banco Central, quando US$ 40 bilhões em reservas foram detonados na aventura de manter o real em paridade com o dólar.
Lula teve o mérito de peitar o seu partido e respeitar a mesma ortodoxia na economia de seus dois antecessores. Junte a isso a calmaria na economia mundial e a sensibilidade em turbinar programas sociais e chegamos ao famoso consenso búlgaro dos 100% de aprovação. Explico: os governos comunistas da Bulgária costumavam atingir incríveis 99,7% de aprovação popular.
Com o "investment grade", o Brasil deixa de ser um país exótico. À medida em que a velhinha do interior da Noruega e o aposentado do Wyoming forem aplicando suas poupanças de uma vida inteira de trabalho em títulos brasucas, eles terão mais interesse em nos conhecer.
E poderão constatar que, apesar da violência e das injustiças que existem por aqui, nós possuímos ilhas de excelência. Como o nosso modelo energético, por exemplo, que apesar de sui generis, é coisa séria para gringo nenhum vir espinafrar.
Pelo momento, das grandes empresas de rating, só a Standard & Poors considera o Brasil um bom investimento. Isso nos dá uma nota cinco na avaliação geral. Note que Chile, México e Colômbia também já obtiveram o "investment grade".
Para sermos um aluno com média acima de oito, precisamos continuar firmes no caminho trilhado por Itamar, que, na opinião desta humilde datilógrafa, deveria ser celebrado desde já como o melhor presidente tapuia pós-regime militar.


barbara@uol.com.br

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