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Serra deixa ajuda a fumante com prefeituras
Decisão do governo contraria texto aprovado na Assembleia, que obrigava Estado a atender e medicar quem quer largar o vício
Texto sancionado da lei
antifumo diz que Saúde vai "organizar" assistência,
hoje feita majoritariamente por municípios paulistas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao sancionar a lei antifumo,
o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não contemplou uma das emendas adicionadas ao projeto pela Assembleia Legislativa que obrigava o
Estado a dar assistência terapêutica e medicamentos para
quem pretende largar o cigarro.
Serra retirou a obrigatoriedade e deixou por conta do Estado a responsabilidade de "organizar" o atendimento dos viciados, hoje feito majoritariamente pelos municípios.
O autor da emenda, que acabou aprovada na última hora, é
do deputado João Caramez
(PSDB), integrante da base de
sustentação de Serra no Legislativo paulista. Segundo o parlamentar tucano, o objetivo da
inclusão da obrigatoriedade era
fazer com que o Estado investisse mais na questão da saúde.
"Se o governo está fazendo
uma lei para coibir o uso do cigarro, deve também oferecer
condições para que os que fumam hoje parem de fumar",
afirmou Caramez à Folha.
"O que existe hoje é pouco.
Afinal, o fumo é um vício, muitas vezes difícil de ser abandonado", disse o deputado, que é
apoiador do conceito geral da
lei de Serra que acaba com o fumo em locais fechados.
Hoje, o Estado desenvolve
ações como o tratamento de fumantes no Cratod (Centro de
Referência em Álcool, Tabaco e
outras Drogas). O Cratod dá capacitação para 171 municípios,
que já dispõem de 381 unidades
treinadas pelo centro.
O orçamento anual do órgão
é de cerca de R$ 4,7 milhões.
Além desse serviço, o Estado
oferece tratamento em alguns
centros específicos, como o Incor (Instituto do Coração).
A maioria dos atendimentos
ainda é feita pelas prefeituras,
para onde vão verbas e remédios do Ministério da Saúde.
Os serviços oferecidos pelo
Estado e pelos municípios,
contudo, são em geral insuficientes. Filas para conseguir
tratamento são comuns, e o
acesso aos remédios, difícil.
Novos investimentos
Na lei sancionada anteontem, o Estado não menciona
nenhum tipo de novo investimento e se limita a colocar a
Secretaria da Saúde como uma
"organizadora" de serviços.
O artigo 6º do texto afirma
que a pasta estadual da Saúde
"organizará a prestação de assistência terapêutica aos dependentes do tabaco, incluindo o fornecimento de medicamentos prescritos por médico
integrante do SUS."
Questionada pela Folha, a
Secretaria da Saúde, por meio
de sua assessoria de imprensa,
afirmou que o investimento
feito hoje pelo Estado poderá
ser ampliado em caso de necessidade. A pasta disse, porém,
que não há nada previsto agora.
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