São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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Aliados se enfrentam por controle político

da Reportagem Local

Em 97, primeiro ano do governo Celso Pitta (sem partido, na época no PPB), os vereadores da bancada governista ameaçaram diversas vezes obstruir a aprovação de projetos de interesse do Executivo caso não ganhassem mais espaço na administração pública.
Para acalmar os ânimos e garantir sua sustentação política, Pitta aceitou o loteamento da cidade entre os parlamentares. Entraram na partilha os módulos do PAS, as administrações regionais e as delegacias de ensino.
Os benefícios, porém, parecem não ter vindo sem uma acirrada disputa nos bastidores da situação.
De acordo com relato do vereador Osvaldo Enéas (Prona), acotovelavam-se pelo módulo 5 (Itaquera) do PAS, por exemplo, além dele e do vereador Toninho Paiva (PFL), os pepebistas Emílio Meneghini, Vicente Viscome, Dito Salim e Zé Índio.
Na partilha, Toninho Paiva levou o PAS Tatuapé (módulo 15). Meneghini ficou com a Regional de Aricanduva/Vila Formosa e com a Delegacia de Ensino 7 (Aricanduva/ Ermelino/Mooca/Penha).
A Viscome coube a Regional da Penha. Para Dito Salim foram oferecidas a Regional e a Delegacia de Ensino de Itaquera. Zé Índio passou a controlar a Regional e o PAS da Mooca (módulo 4).
A negociação foi conduzida, de acordo com os próprios vereadores, pelo então secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva. Ele decidia quem controlaria que órgão da administração pública.
Em entrevista concedida à Folha durante uma dessas rebeliões de 97, o ex-vereador Mário Noda (PTB), que controlou a Regional da Lapa na gestão Paulo Maluf (1993-96) -quando Edevaldo já tinha essa função-, disse que os vereadores mais influentes ficam com os melhores postos.
Na ocasião, o vereador Ivo Morganti (PFL) também confirmou que o "professor Edevaldo", como é conhecido, é a pessoa responsável por negociar com os vereadores. "É um processo normal: você encaminha seus pedidos políticos ao secretário de Governo. É ele quem discute com o Celso Pitta", disse. Morganti herdou de Enéas a Regional da Casa Verde.
O vereador do Prona, que não quis dar entrevista à Folha na semana passada, disse em 97 que costumava conversar com o secretário de Governo, informação confirmada em diálogos gravados.


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