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TRAGÉDIA
Dos feridos no acidente no Osasco Plaza, 56 ainda guardam sequelas
Vítimas de explosão lutam
por indenização após 1 ano
MAURO TAGLIAFERRI
da Reportagem Local
GUILHERME MARANHÃO
especial para a Folha
Um ano foi insuficiente para a
recuperação dos feridos e dos familiares dos mortos na explosão
do Osasco Plaza Shopping.
No dia 11 de junho de 1996, um
vazamento de gás liquefeito de petróleo provocou o acidente no
centro comercial situado em Osasco, Grande São Paulo. Era hora de
almoço e véspera do Dia dos Namorados: 42 pessoas morreram e
mais de 100 ficaram feridas.
Até hoje, ninguém recebeu indenização, embora a 5ª Vara Cível de
Osasco tenha condenado a Administradora Osasco Plaza Shopping
e a B-7 Participações, responsáveis
pelo shopping, a ressarcir vítimas
e familiares de mortos. Com os recursos da defesa, há pouca esperança de uma solução para o processo nos próximos dois anos.
Para os envolvidos no acidente,
no entanto, o dinheiro da reparação tem mais o aspecto de vingança que de justiça.
"Não acredito em mais nada,
nem em Deus. Estou descrente",
contou Orminda Tedeschi Guazzelli, que perdeu a única neta, Taluana Guazzelli de Andrade, então
com 13 anos, na explosão.
O saldo da tragédia ainda assusta. Segundo Sandra Nogueira, organizadora de um grupo informal
de apoio às vítimas do acidente, 56
pessoas conservam sequelas físicas
graves, de membros paralisados a
distúrbios psicológicos.
Ao menos sete pessoas tiveram
uma das pernas amputada e outras
nove não andam sozinhas.
Para a promotora Ana Lúcia Arrochela Lobo, que propôs a ação
civil pública contra os responsáveis pelo shopping, o processo está
andando rapidamente na Justiça.
A ação foi impetrada em 30 de
outubro e, no último dia 26, saiu a
sentença em primeira instância.
"É rápido para a complexidade
das questões. Do ponto de vista
das vítimas, pode parecer muito,
mas a ação está andando celeremente", disse Lobo. Ela calcula,
como valor mínimo da ação, R$ 21
milhões.
O laudo do Instituto de Criminalística apontou que a explosão do
Osasco Plaza foi provocada pelo
vazamento de gás de cozinha em
uma tubulação desativada. Essa
tubulação ficava confinada em um
vão sem ventilação situado entre o
solo e o piso do estabelecimento.
O motivo do vazamento teria sido o uso inadequado de materiais
para se fazer a rede de tubos.
O Ministério Público responsabiliza sete pessoas (três ligadas ao
shopping, três da construtora e
uma da empresa que gerenciou as
obras de construção) pelo acidente. O shopping também não teria
dado atenção às reclamações de
cheiro de gás feitas por lojistas e
frequentadores antes da explosão.
As três pessoas ligadas à administração do shopping estão sendo
processadas criminalmente por
explosão com dolo eventual (assumiram o risco). As outras quatro
pessoas são processadas por explosão culposa (sem intenção).
Colaborou Crispim Alves, da Reportagem Local
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