São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENTREVISTA

DOENÇA PERIODONTAL

Estudo em SP mostra risco de parto prematuro

DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres portadoras de doença periodontal apresentaram um risco 2,18 maior de terem parto prematuro e bebês com baixo peso do que aquelas que não tinham a doença. Os resultados são de um estudo realizado em São Paulo, pela cirurgiã-dentista Maria Christina Brunetti, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Trabalhos publicados nos EUA mostraram que mães com problemas periodontais tinham risco 7,5 vezes maior de nascimentos prematuros e de baixo peso. O resultado mostra que o problema não é só de países em desenvolvimento como o Brasil.

Folha - Como foi feita a pesquisa?
Maria Christina Brunetti
- A pesquisa foi desenvolvida em hospitais do município de São Paulo, durante períodos habituais de internação hospitalar pós-parto (de 48 horas a 72 horas), entre agosto de 2000 e setembro de 2001. As unidades hospitalares são referência para gestação de elevado risco. A população de estudo foi constituída por 174 mulheres escolhidas aleatoriamente, pertencentes a estratos sociais semelhantes, assistidas pelo SUS, sendo 103 com ocorrência do parto no tempo correto e peso do bebê normal e 71 com parto prematuro [antes da 37ª semana completa de gestação" e baixo peso [inferior a 2,5 kg". A média de idade das participantes era de 24,3 anos.

Folha - Qual é a importância do estudo?
Christina
- A prematuridade contribui com 50% a 70% da mortalidade neonatal. Associada ao baixo peso ao nascer, constitui problema de especial interesse para a saúde pública. Nos países desenvolvidos, o parto prematuro ocorre em cerca de 8% a 10% das gestações. Na América Latina, há relatos de índices mais elevados, situados entre 10 e 43%. No Brasil, dados divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados revelaram que no Estado de São Paulo a prevalência atingiu cerca de 11% do total de nascidos vivos em 1993. Em levantamento feito na Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina), verificou-se uma prevalência de partos prematuros em torno de 20% a 22% em 1995.
Embora ocorra melhor entendimento dos fatores envolvidos no processo de parturição, não tem sido observado um declínio na prevalência da prematuridade nos últimos 50 anos. As causas são complexas, como desnutrição, pré-natal inadequado, idade precoce ou avançada, e uma grande parcela das ocorrências ainda permanece sem causa definida.

Folha - Como a doença periodontal pode levar a um nascimento prematuro?
Christina
- Entre os fatores de risco associados à ocorrência de episódios indesejáveis durante a gestação, estão as infecções maternas. A ocorrência delas, através de microrganismos ou de suas toxinas, pode provocar resposta inflamatória exacerbada associada à liberação de substâncias químicas naturalmente envolvidas no desencadeamento do parto. (FL)


Texto Anterior: Agenda
Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: O Belo e o Monstro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.