São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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Funcionários da USP invadem reitoria

Grupo arromba quatro portas e acampa no prédio em protesto contra abatimento no salário por dias em greve

Reitor diz que desconto foi feito porque a greve se tornou extensão das férias; alunos também participaram do ato

Daniel Marenco/Folhapress
Professor dá aula na recepção da reitoria invadida

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Um grupo de funcionários e estudantes da USP invadiu na manhã de ontem o prédio da reitoria da universidade.
Usando marretas, eles destruíram uma porta de ferro, outra de vidro e mais duas de madeira reforçadas com aço.
Os servidores protestavam contra o corte dos salários de cerca de 1.000 funcionários que aderiram à greve iniciada em 5 de maio por reajuste salarial. Eles afirmam que vão permanecer no local até que o pagamento seja feito.
De acordo com o Sintusp (Sindicado dos Funcionários da USP), cerca de 500 servidores participaram do ato. A reitoria diz que eram 80.
No momento da invasão, não havia funcionários no prédio. Guardas da universidade que faziam a vigilância da reitoria saíram sem reagir.
Magno de Carvalho, diretor do sindicato, afirmou que o ato foi uma resposta a "uma violência" da reitoria. "Cortaram os salários dos funcionários e deixaram pessoas passando fome. É inconstitucional cortar o pagamento por causa de greve", afirmou.
O reitor João Grandino Rodas disse à Folha que o corte dos salários foi feito porque a greve dos servidores tornou-se uma extensão das férias.
"Esse é um problema que existe na USP há muitos anos. Todo ano os funcionários decretam greve e [a] transformam em férias. A população que paga para manter a USP acha certo?", disse.
Ele afirmou que a universidade tentará identificar os invasores para tomar medidas legais. As câmeras de vigilância da reitoria foram tapadas com fitas ou viradas para paredes, o que dificultará a identificação dos envolvidos.
A imprensa foi proibida de entrar no local durante a maior parte do dia. Apenas à tarde, pôde ir até o saguão da reitoria invadida para acompanhar a aula do professor de história da arte da ECA (Escola de Comunicação e Artes) Luiz Renato Martins. Ele levou os alunos ao prédio para mostrar apoio à ação.
O reitor afirmou que está aberto ao diálogo e que não pretende, por enquanto, pedir a presença da PM para cumprir um mandado de reintegração de posse concedido pela Justiça em 26 de maio, um dia depois do bloqueio do prédio por piquetes.
No ano passado, uma greve de servidores ganhou a adesão de professores e alunos justamente após a PM ter sido chamada para impedir piquetes dos funcionários.
A greve durou 57 dias e foi marcada por um conflito entre a PM, de um lado, e estudantes e funcionários, do outro, com saldo de dez feridos.

REIVINDICAÇÕES
A greve dos trabalhadores reivindicava inicialmente aumento salarial de 16%, mais R$ 200, além de outros 6% dados aos professores no começo do ano. O Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) já concedeu reajuste de 6,57% para repor a inflação do último ano.
Mas os servidores querem pelo menos mais 6% e uma segunda rodada de negociações em outubro, para discutir o restante dos reajustes.


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