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ADMINISTRAÇÃO
Recursos de financiamentos devem evitar que as contas fechem no vermelho pelo terceiro ano consecutivo
Empréstimos salvam Marta de novo déficit
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo só
conseguirá fechar as suas contas
neste ano com a ajuda de empréstimos nacionais e internacionais.
Sem a entrada desses recursos,
que vão aumentar ainda mais a
dívida da cidade, a gestão Marta
Suplicy (PT) terminaria o ano no
vermelho pela terceira vez.
A previsão consta da LDO (Lei
de Diretrizes Orçamentárias),
aprovada ontem pela Câmara
Municipal. Na parte que trata das
contas, a prefeitura informa que
terminará o ano com um resultado nominal negativo de R$ 329,8
milhões. Isso significa que o governo gastará mais do que deve
arrecadar em 2004.
Neste ano, a prefeitura receberá
R$ 678,5 milhões em empréstimos, o suficiente para compensar
o resultado negativo da relação
entre receita e despesas. Se as previsões se confirmarem, será o primeiro ano sem déficit desde 2001.
No total, a administração paulistana continua gastando muito
mais com juros do que receberá
em novos empréstimos. Apenas
em 2004, devem ser desembolsados R$ 2,1 bilhões para cumprir o
acordo de renegociação da dívida
com o governo federal.
A Folha apurou que, apesar das
previsões da LDO, técnicos da
prefeitura temem a ocorrência de
um novo déficit em 2004. Pela Lei
de Responsabilidade Fiscal, Marta não pode deixar nenhuma conta sem pagamento se não houver
uma previsão de entrada de dinheiro para pagá-la.
Houve superávit de R$ 983 milhões em 2001, primeiro ano do
governo Marta. Daí para frente,
houve déficit de R$ 302,6 milhões
em 2002 e de R$ 630,6 milhões no
ano passado, em valores corrigidos pela prefeitura.
Os dois maiores empréstimos,
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Social) e do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), financiam
mudanças no sistema de transportes -como a construção dos
novos corredores de ônibus, os
Passa-Rápido- e a revitalização
do centro da cidade.
Essa entrada maior de recursos
ajuda a prefeitura a fechar suas
contas agora, mas vai tornar ainda mais difícil a questão da dívida
nos próximos anos.
Como a própria prefeitura admite no texto da LDO, "de 2005 a
2007 deverá haver um esforço na
condução das finanças municipais, no sentido de produzir resultados nominais positivos para cobrir os saldos negativos das operações de crédito líquidas". Ou seja: o aperto terá de ser maior nos
próximos três anos, pelo menos.
A prefeitura culpa a demora na
aprovação dos empréstimos no
Senado pelo acúmulo de liberações no final do mandato de Marta à frente da administração.
A dívida da prefeitura hoje está
acima dos R$ 26 bilhões, muito
além do limite estabelecido pela
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Hoje a relação entre dívida e receita está próxima de 2,4, quando
poderia atingir, no máximo, 1,78.
Essa diferença significa algo como
R$ 6,8 bilhões -mais que todos
os gastos da administração com
saúde e educação em 2004.
Como a prefeita Marta, que é
candidata à reeleição, já admitiu
algumas vezes, o Orçamento da
cidade está engessado pelos próximos anos, talvez décadas.
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