São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

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Proibidas, faixas desafiam Cidade Limpa

Propagandas de comércio e serviços mostram que a prática irregular continua ativa em todas as regiões da cidade

Homem que oferece serviço de confecção e instalação de faixas diz que é só esperar a fiscalização passar para colocá-las nas ruas


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Já proibidas antes mesmo da Lei Cidade Limpa, que baniu a propaganda exterior, as faixas de pano voltam a poluir a paisagem urbana de São Paulo.
De Higienópolis ao Butantã, de Santana a Pinheiros, da Mooca a Moema, propagandas de comércio e serviços que vão de prostituição à vidência mostram que a prática irregular continua ativa.
Numa ronda em diversos bairros, a reportagem flagrou faixas que oferecem a confecção de anúncios, com telefone, mais uma evidência de que a atividade não saiu do mercado.
Algumas chegam a ser penduradas em frente a delegacias. A polícia, no entanto, não fiscaliza a irregularidade, o que cabe à prefeitura.
Nas avenidas Jaguaré e Corifeu de Azevedo Marques, um número de telefone, esticado de poste a poste, oferece o serviço, feito perto dali. Custa R$ 10 o metro quadrado.
Sobre a fiscalização das subprefeituras, Jefferson, que atende ao telefone, dá a dica.
"A prefeitura está meio embaçando, mas só se colocar muita faixa. É só esperar ela passar, coloca aqui, depois coloca lá", ensina. Ele diz que atende num mercadinho próximo ao shopping Continental, no Butantã (zona oeste).
No cruzamento das ruas Bahia e Piauí, em Higienópolis (região central), um casal que não dá o nome, mas se deixa fotografar diz que recebe R$ 10 por três horas de trabalho, que consiste em retirar as faixas grudadas nos postes caso vejam fiscais da subprefeitura.
Na igreja da praça Benedito Calixto, em Pinheiros (zona oeste), duas faixas anunciam a quermesse da paróquia.
A multa por desrespeito à Lei Cidade Limpa é de R$ 10 mil para faixas de até 4 m2. A cada metro quadrado que exceder essa medida, são acrescidos R$ 1.000. Na Subprefeitura da Vila Mariana são recolhidas, em média, 30 faixas e 70 placas pequenas por semana.
Uma das maiores multas foi aplicada a uma suposta vidente, que promete resolver "problemas no amor", "união de casais", com "pagamento após resultado". A "comerciante exótica", como classifica a Subprefeitura da Vila Mariana, espalhou ao menos 14 faixas em Moema (zona sul). Levou multa de R$ 140 mil.
Segundo os agentes, a maior dificuldade foi descobrir o endereço de atendimento da suposta vidente, já que as faixas exibiam apenas um número de celular. Depois de 15 dias, dizem os fiscais, foi descoberto o local e aplicada a multa.
"É tão simples essa coisa de faixa, tem nome e telefone. Multar é só querer. Além da fiscalização, tem o lado ético. As pessoas precisam desenvolver uma consciência urbana. A cidade tem problemas, mas está se reconstruindo", diz Álvaro Puntoni, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP.
Para a Secretaria das Subprefeituras, houve uma "drástica diminuição" na quantidade de faixas espalhadas pela cidade de São Paulo desde 2005.
Segundo o secretário-adjunto, Ronaldo Camargo, o número passou de 229 mil naquele ano para 128 mil em 2007. Neste ano, até maio, foram removidas cerca de 22 mil peças.


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