|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Proibidas, faixas desafiam Cidade Limpa
Propagandas de comércio e serviços mostram que a prática irregular continua ativa em todas as regiões da cidade
Homem que oferece serviço de confecção e instalação de faixas diz que é só esperar
a fiscalização passar
para colocá-las nas ruas
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Já proibidas antes mesmo da
Lei Cidade Limpa, que baniu a
propaganda exterior, as faixas
de pano voltam a poluir a paisagem urbana de São Paulo.
De Higienópolis ao Butantã,
de Santana a Pinheiros, da
Mooca a Moema, propagandas
de comércio e serviços que vão
de prostituição à vidência mostram que a prática irregular
continua ativa.
Numa ronda em diversos
bairros, a reportagem flagrou
faixas que oferecem a confecção de anúncios, com telefone,
mais uma evidência de que a
atividade não saiu do mercado.
Algumas chegam a ser penduradas em frente a delegacias.
A polícia, no entanto, não fiscaliza a irregularidade, o que cabe
à prefeitura.
Nas avenidas Jaguaré e Corifeu de Azevedo Marques, um
número de telefone, esticado
de poste a poste, oferece o serviço, feito perto dali. Custa
R$ 10 o metro quadrado.
Sobre a fiscalização das subprefeituras, Jefferson, que
atende ao telefone, dá a dica.
"A prefeitura está meio embaçando, mas só se colocar
muita faixa. É só esperar ela
passar, coloca aqui, depois coloca lá", ensina. Ele diz que
atende num mercadinho próximo ao shopping Continental,
no Butantã (zona oeste).
No cruzamento das ruas Bahia e Piauí, em Higienópolis
(região central), um casal que
não dá o nome, mas se deixa fotografar diz que recebe R$ 10
por três horas de trabalho, que
consiste em retirar as faixas
grudadas nos postes caso vejam fiscais da subprefeitura.
Na igreja da praça Benedito
Calixto, em Pinheiros (zona
oeste), duas faixas anunciam a
quermesse da paróquia.
A multa por desrespeito à Lei
Cidade Limpa é de R$ 10 mil
para faixas de até 4 m2. A cada
metro quadrado que exceder
essa medida, são acrescidos
R$ 1.000. Na Subprefeitura da
Vila Mariana são recolhidas,
em média, 30 faixas e 70 placas
pequenas por semana.
Uma das maiores multas foi
aplicada a uma suposta vidente, que promete resolver "problemas no amor", "união de casais", com "pagamento após resultado". A "comerciante exótica", como classifica a Subprefeitura da Vila Mariana, espalhou ao menos 14 faixas em
Moema (zona sul). Levou multa de R$ 140 mil.
Segundo os agentes, a maior
dificuldade foi descobrir o endereço de atendimento da suposta vidente, já que as faixas
exibiam apenas um número de
celular. Depois de 15 dias, dizem os fiscais, foi descoberto o
local e aplicada a multa.
"É tão simples essa coisa de
faixa, tem nome e telefone.
Multar é só querer. Além da fiscalização, tem o lado ético. As
pessoas precisam desenvolver
uma consciência urbana. A cidade tem problemas, mas está
se reconstruindo", diz Álvaro
Puntoni, professor da FAU
(Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo), da USP.
Para a Secretaria das Subprefeituras, houve uma "drástica
diminuição" na quantidade de
faixas espalhadas pela cidade
de São Paulo desde 2005.
Segundo o secretário-adjunto, Ronaldo Camargo, o número passou de 229 mil naquele
ano para 128 mil em 2007. Neste ano, até maio, foram removidas cerca de 22 mil peças.
Texto Anterior: Contra desconto em salário, docente ameaça retomar greve Próximo Texto: Frase Índice
|