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ANÁLISE
Frenesi de mídia com o caso altera até a programação
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Começou na capa das revistas semanais, no fim de semana, com fotos de Bruno e
enunciados como "Traição,
orgias e horror" ou "Sexo,
violência e futebol".
Nos dias seguintes, o "Brasil Urgente" de José Luiz Datena, na Band, passou a contar com o próprio delegado,
ao vivo, como atração constante. Ontem, a participação
se estendeu por quase duas
horas -em um programa
ampliado, que entrou no ar
uma hora antes.
O "Jornal Nacional", anteontem na escalada de manchetes, anunciou e depois
entregou "a barbárie descrita
em detalhes" -em uma reportagem "exclusiva" que
contou com trechos como
"quatro rottweilers começaram a comer a mão".
O "Bom Dia Brasil", ontem, trouxe "imagens exclusivas feitas com uma microcâmera na Polinter" sem que
o goleiro, já preso, soubesse.
"Bruno demonstrou preocupação apenas com o futuro
profissional dele", destacou
a apresentadora.
Com cobertura quase intermitente, por vezes dividindo a tela com a programação
normal, a Globo News chegou a abrir link para Nova
York e, em debate, comparou
o goleiro com OJ Simpson
-que contou com uma cobertura semelhante.
Como no caso de 1994/95,
imagens de helicóptero foram usadas à exaustão por
Band, Record e Globo, não só
no Rio, mas em Minas. Ontem, elas encerraram o "JN",
ao vivo, acompanhando o
comboio que levou o acusado ao aeroporto. A Globo
News transmitiu a decolagem do Rio e depois a chegada a Belo Horizonte.
Antes, no meio do dia,
uma câmera flagrou e manteve em foco uma mulher falando para Bruno, que passava, cercado por policiais, "assassino!". Espelhou o que a
cobertura já havia julgado,
sem usar a palavra.
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