São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Frenesi de mídia com o caso altera até a programação

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Começou na capa das revistas semanais, no fim de semana, com fotos de Bruno e enunciados como "Traição, orgias e horror" ou "Sexo, violência e futebol".
Nos dias seguintes, o "Brasil Urgente" de José Luiz Datena, na Band, passou a contar com o próprio delegado, ao vivo, como atração constante. Ontem, a participação se estendeu por quase duas horas -em um programa ampliado, que entrou no ar uma hora antes.
O "Jornal Nacional", anteontem na escalada de manchetes, anunciou e depois entregou "a barbárie descrita em detalhes" -em uma reportagem "exclusiva" que contou com trechos como "quatro rottweilers começaram a comer a mão".
O "Bom Dia Brasil", ontem, trouxe "imagens exclusivas feitas com uma microcâmera na Polinter" sem que o goleiro, já preso, soubesse. "Bruno demonstrou preocupação apenas com o futuro profissional dele", destacou a apresentadora.
Com cobertura quase intermitente, por vezes dividindo a tela com a programação normal, a Globo News chegou a abrir link para Nova York e, em debate, comparou o goleiro com OJ Simpson -que contou com uma cobertura semelhante.
Como no caso de 1994/95, imagens de helicóptero foram usadas à exaustão por Band, Record e Globo, não só no Rio, mas em Minas. Ontem, elas encerraram o "JN", ao vivo, acompanhando o comboio que levou o acusado ao aeroporto. A Globo News transmitiu a decolagem do Rio e depois a chegada a Belo Horizonte.
Antes, no meio do dia, uma câmera flagrou e manteve em foco uma mulher falando para Bruno, que passava, cercado por policiais, "assassino!". Espelhou o que a cobertura já havia julgado, sem usar a palavra.


Texto Anterior: Na justiça do Rio: Outro pedido de prisão de Bruno é feito
Próximo Texto: Outro lado: Advogado diz que todos são inocentes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.