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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Quatro pacientes morreram na semana passada no Hospital das Clínicas, em SP, por complicações
40% morrem na fila dos transplantes
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
Cerca de 40% dos pacientes que
estão na fila de espera de um transplante de fígado no Hospital das
Clínicas (região central de São
Paulo) morrem antes de conseguir
atingir o primeiro lugar na lista.
"Essa taxa de mortalidade é
muito difícil de mudar. Talvez a
lista única ajude", diz Silvano
Raia, responsável pelo setor de
Transplantes de fígado do HC.
Raia foi um dos defensores da lista única de transplante, que começou a vigorar anteontem em São
Paulo. O Cadastro Técnico Único
modificou a forma de distribuição
de órgãos: em vez de seguir o rodízio dos hospitais responsáveis pelo
recolhimento (que ficavam com os
órgãos), agora o que vale é a colocação do paciente na lista de espera. A vantagem da lista única é
quem está há mais tempo na fila
terá prioridade. Antes, havia listas
diferentes em cada hospital.
"Quem podia pagar, levava mais
rápido", diz Raia.
A mudança, no entanto, não interfere na escassez de órgãos que
mata pessoas todos os dias. No
HC, 90 pacientes esperam por um
fígado. Quase a metade deles está
na fila desde 1995.
O grande problema é que a demanda é muito maior que a oferta.
A lista recebe todas as semanas
mais quatro candidatos a um órgão, enquanto o HC só realiza, em
média, uma cirurgia por semana.
A lista de candidatos só não aumenta mais por causa do grande
número de mortes. Só na semana
passada quatro doentes morreram
porque não conseguiram resistir
às complicações. A maioria tem infecções repetidas causadas pelo
mau funcionamento do fígado.
Para piorar, a previsão é que haja
queda no número de transplantes
neste ano. Em 96, foram feitos
2.700. No primeiro trimestre deste
ano, foram 600. Com a projeção, o
total de 97 seria de 2.400.
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