São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009

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Donos terceirizam passeio com cachorro

Para driblar ladeiras de bairros como Sumaré e Perdizes (zona oeste), moradores contratam "passeadores" profissionais

Prestadores de serviço caminham com animais de duas a três vezes por semana, cobrando valores entre R$ 100 e R$ 150


MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

A língua de fora não é só dos cachorros. As ladeiras de Sumaré e Perdizes (zona oeste) também deixam exauridos os donos desses animais que, para driblar o árduo sobe-e-desce da região, contratam "passeadores" profissionais que caminham com os cães de duas a três vezes por semana, cobrando entre R$ 100 e R$ 150.
"É puxado", suspira a produtora cultural Luli Hunt, 45, olhando o ladeirão da rua onde mora, no Sumaré. Sua fox terrier Jackie Tequila já se acostumou a esperar pelo "passeador" profissional para dar suas voltinhas. "No final de semana sou eu quem leva, mas sempre na avenida Sumaré, que é plana."
Com três coleiras entrelaçadas e um boxer, um bull terrier e um fox paulistinha em cada ponta, o "passeador" (e maratonista) Mauro Severino, 42, não fica nem ofegante quando termina a caminhada. "Ando com os cachorros depois do meu treino da manhã", explica ele, que trabalha como porteiro.
A falta de tempo e o medo de assaltos, para quem só tem tempo de passear à noite, também contribuem para que os moradores prefiram entregar seus cães aos profissionais. "Tenho também clientes idosos, com dificuldade de locomoção", conta Thiago Brandão, 29, que sustenta a família com o dinheiro dos passeios.
"Já perdi a conta de quantos são no total, acho que uns 15", diz Elias Pereira, que às 9h30 de quarta-feira subia pela quarta vez a ladeira da rua Apinajés levando oito cachorros de uma só vez. "Já sei até quantos cocôs cada um faz", conta ele, que leva até três saquinhos por cachorro para recolher a sujeira.
Para a hoteleira Maria do Rosário Toschi, 65, esses rastros são a principal dor de cabeça de quem anda pela região. "Se pisar em um gramado, é batata", reclama. Depois de espalhar placas com os dizeres "Ajude seu cão a manter a rua limpa", ela afirma ter visto diminuir o número de pessoas que levam seus cães para passear na sua rua. "É preguiça de pegar", diz.


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