São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009

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JANDYRA DE CAMARGO MOQUENCO (1921-2009)

A dona do jornal centenário e os seus meninos

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os funcionários de dona Jandyra de Camargo Moquenco, a primeira linotipista mulher do país e proprietária do centenário jornal "A Cidade", em Ribeirão Preto, eram tratados por ela como "meus meninos".
E, se os meninos dela estivessem certos, ela os defenderia até o fim, lembra a filha Vera. Não foram poucas as vezes em que dona Jandyra peitou autoridades na cidade pelos seus repórteres.
Certa vez, expulsou a vassouradas políticos que foram até o jornal reclamar de textos que os incomodavam. Filha de um guarda-livros que saiu de SP para se aventurar em Ribeirão e que acabou comprando o jornal com a renda das marmitas que a mulher vendia, Jandyra começou cedo a trabalhar -fez de tudo na profissão, até dobrar e entregar jornal. Por um tempo, a família morou em cima da empresa.
"Quando as máquinas paravam, todo mundo acordava e esperava dez minutos para voltarem. Se não voltassem, alguma coisa estava errada, e a família descia para ver o que era", lembra Vera.
Jandyra costuma ir ao jornal todos os dias e, mesmo aos 88 anos, a última palavra nos negócios ainda era dela -hoje, o jornal é parceiro da EPTV (afiliada da Globo). "Ela era uma pessoa ultrassimples, mas de gestos nobres", diz o neto Zeca.
Morreu na quarta, após sofrer uma parada cardíaca. Deixa quatro filhos, oito netos e sete bisnetos. A missa de sétimo dia será na terça, às 19h30, na nova igreja dos estigmatinos, em Ribeirão.

coluna.obituario@uol.com.br


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