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JANDYRA DE CAMARGO MOQUENCO (1921-2009)
A dona do jornal centenário e os seus meninos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Todos os funcionários de
dona Jandyra de Camargo
Moquenco, a primeira linotipista mulher do país e proprietária do centenário jornal "A Cidade", em Ribeirão
Preto, eram tratados por ela
como "meus meninos".
E, se os meninos dela estivessem certos, ela os defenderia até o fim, lembra a filha
Vera. Não foram poucas as
vezes em que dona Jandyra
peitou autoridades na cidade
pelos seus repórteres.
Certa vez, expulsou a vassouradas políticos que foram
até o jornal reclamar de textos que os incomodavam.
Filha de um guarda-livros
que saiu de SP para se aventurar em Ribeirão e que acabou comprando o jornal com
a renda das marmitas que a
mulher vendia, Jandyra começou cedo a trabalhar -fez
de tudo na profissão, até dobrar e entregar jornal.
Por um tempo, a família
morou em cima da empresa.
"Quando as máquinas paravam, todo mundo acordava e
esperava dez minutos para
voltarem. Se não voltassem,
alguma coisa estava errada, e
a família descia para ver o
que era", lembra Vera.
Jandyra costuma ir ao jornal todos os dias e, mesmo
aos 88 anos, a última palavra
nos negócios ainda era dela
-hoje, o jornal é parceiro da
EPTV (afiliada da Globo).
"Ela era uma pessoa ultrassimples, mas de gestos
nobres", diz o neto Zeca.
Morreu na quarta, após sofrer uma parada cardíaca.
Deixa quatro filhos, oito netos e sete bisnetos. A missa
de sétimo dia será na terça,
às 19h30, na nova igreja dos
estigmatinos, em Ribeirão.
coluna.obituario@uol.com.br
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