São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DESERTO URBANO Além da alta concentração de ozônio, a capital registrou umidade relativa do ar de 20%, considerada prejudicial Em SP, poluição piora e umidade volta a cair
VICTOR RAMOS DA REPORTAGEM LOCAL O paulistano voltou a viver ontem um dia difícil em razão do clima seco na cidade de São Paulo. A umidade relativa do ar caiu, a temperatura se manteve alta e a poluição colocou em estado de atenção três (Ibirapuera, Santana e Mooca) das 14 regiões avaliadas pela Cetesb na capital. Além dessas regiões, só a cidade de Paulínia (126 km a noroeste de São Paulo) encontra-se nessa situação. Em todo o Estado, sete áreas são consideradas inadequadas, nível melhor do que o estado de atenção, e 14 estão regulares. De acordo com a Cetesb (agência ambiental paulista), que possui 31 postos de medição no Estado, apenas na região central de Campinas a situação é boa. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a umidade média na cidade de São Paulo foi a 20%, dois pontos percentuais abaixo do registrado anteontem e dentro da faixa considerada de atenção. E a máxima de 32,6C foi a segunda maior temperatura do ano, apenas 0,2C mais baixa do que o recorde de terça-feira. O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo, registrou taxas ainda mais baixas de umidade. Na Consolação, a mínima registrada foi de apenas 11% (dentro da faixa considerada de emergência). Na estação do Butantã, foi de 17% (faixa do estado de alerta). Um estudo da Unicamp (Universidade de Campinas) indica que, com a umidade relativa do ar entre 12% e 20%, devem ser evitados exercícios físicos ao ar livre entre as 10h e as 16h e aglomerações em locais fechados. Os problemas relacionados à poluição ocorreram em razão dos altos índices de ozônio no ar. O poluente resulta da reação entre óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos voláteis (compostos orgânicos de carbono e hidrogênio). Ambos são produtos da queima de combustível, ou seja, emitidos principalmente por carros. Todo o processo é acelerado pela luz solar. Ele pode causar ou agravar irritações nos olhos e vias respiratórias e danificar a vegetação O clima seco e a temperatura alta devem permanecer hoje. Apenas amanhã os efeitos de uma frente fria que se aproxima, vinda do Sul, poderão ser sentidos, com aumento da umidade e da nebulosidade e queda da temperatura. A meteorologista do Climatempo Patricia Madeira afirmou que as altas temperaturas registradas nesses dias em São Paulo "não são um fenômeno raro". Madeira explicou que a falta de nebulosidade, em razão do ar seco, e os longos dias de sol colaboram para a alta da temperatura. "Todo o mundo acha que as maiores temperaturas estão no verão, e não estão. O inverno já está terminando e são quase 12 horas de sol por dia", afirmou. Segundo ela, em outubro pode esquentar ainda mais. Madeira também explicou a dificuldade para que frentes frias penetrem na massa de ar que está em São Paulo. "Essa massa de ar seco é muito forte, tem uma pressão alta. As massas polares que estão vindo são um pouco mais fracas e não conseguem entrar, não conseguem vencer o bloqueio." Texto Anterior: Há 50 anos: Assinado pacto de defesa da Ásia Próximo Texto: Incêndio provoca interdição parcial da Ayrton Senna Índice |
|