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Reforçado elo entre furto ao BC e ataques
Para a Polícia Federal, parte do dinheiro levado em Fortaleza financiou os atentados do PCC no Estado de São Paulo
Membros da família Laurindo, apontados como mentores do assalto, participaram direta e indiretamente das ações
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal afirma ter
provas que comprovam que
parte dos R$ 164,8 milhões levados do Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005, foi
usado para financiar rebeliões
em presídios e ataques da facção criminosa PCC (Primeiro
Comando da Capital) no Estado de São Paulo.
Para os agentes da PF, membros da família Laurindo, apontados como mentores do assalto, participaram direta e indiretamente dos ataques. O principal elo com o PCC é Raimundo
Laurindo Neto, que foi preso há
uma semana na Operação Facção Toupeira com mais quatro
irmãos sob a acusação de liderar a quadrilha que planejava
roubar, por meio de um túnel,
duas agências bancárias na cidade de Porto Alegre.
Conforme dados obtidos pela
DPAT (Divisão de Repressão a
Crimes contra o Patrimônio da
PF), pelo menos R$ 50 milhões
levados do BC teriam ido para
os cofres do PCC. Parte do dinheiro financiou os ataques.
Parceria
Para a PF, juntamente com
os irmãos Ricardo e Giovan,
Raimundo participava das
ações criminosas em parceria
com o PCC, o que inclui tráfico
de drogas, assalto a mão armada, entre outras práticas.
Dois outros membros da família, Lucilane e Veriano, ocupavam-se de lavar o dinheiro
obtido pelos bandidos. Para isso, usavam como fachada pequenos estabelecimentos comerciais.
Com exceção de Raimundo
Neto, que está detido em Brasília, os integrantes da família
Laurindo, parte dos 44 presos
na operação Facção Toupeira,
foram presos em São Paulo, onde começam a prestar depoimento à Polícia Federal a partir
de hoje.
Lavagem de dinheiro
Além de Raimundo Laurindo
Neto, a PF mantém presos em
Brasília Benedito Ferreira e
Alessandro Rogério.
Na noite da última quarta-feira, ao prestar depoimento,
Ferreira confirmou ter recebido dinheiro de Raimundo Neto
em notas de R$ 50 -exatamente o tipo de cédula roubada do
BC em Fortaleza.
Segundo contou o ex-tenente
da Polícia Militar, o dinheiro
serviu para comprar um posto
de gasolina em Marabá, cidade
na qual foi preso, além de imóveis rurais e urbanos no Pará.
Para a PF, os negócios foram
montados para lavar o dinheiro
levado do BC.
Já Rogério é suspeito de ter
ficado com R$ 1 milhão do BC.
Ele negou a acusação, em depoimento à PF ontem. Mas há
indícios de que teria recebido o
dinheiro de Raimundo Neto e,
em traição, adquirido pelo menos seis carros importados, para o seu uso pessoal ou para revenda, à revelia do "dono".
Na contabilidade mais recente, a PF conseguiu recuperar
em dinheiro vivo R$ 21 milhões
dos R$ 164,8 milhões furtados
do BC de Fortaleza.
O valor recuperado pode chegar a R$ 30 milhões, contabilizando os bens imóveis que teriam sido comprados pela quadrilha para lavar o dinheiro.
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