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MEC reprova 31% do ensino superior
3 em cada 10 instituições do país obtêm desempenho considerado inadequado; rede privada puxa a nota para baixo
Raio-X faz parte do primeiro ranking de instituições superiores; escola ligada à Fundação Getulio Vargas, no Rio, obteve a melhor nota
RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O raio-X do ensino superior,
divulgado ontem pelo Ministério da Educação, permite duas
importantes conclusões:
a) De cada dez instituições de
ensino superior -ou seja, universidades, centro universitários e faculdades-, três têm nível inadequado (nota 1 ou 2).
b) É a rede privada que puxa
o resultado para baixo, com
quase a totalidade (96%) das
instituições com desempenho
considerado insatisfatório.
O raio-X faz parte do primeiro ranking oficial de instituições superiores, apresentado
em Brasília pelo ministro Fernando Haddad (Educação).
De todas as 1.448 instituições
avaliadas, foram dadas notas
baixas a 454 delas (31%). A que
obteve a melhor nota é a Ebef
(Escola Brasileira de Economia
e Finanças), do Rio, que pertence à Fundação Getulio Vargas.
Considerando apenas as universidades, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) é a
que obteve o melhor desempenho no levantamento.
Outras 400 instituições não
foram analisadas por serem novas e não terem turmas formadas ou porque pertencem à rede estadual e não aceitaram
participar da avaliação -caso
da USP (Universidade de São
Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Para chegar ao novo ranking,
o MEC (Ministério da Educação) avaliou o nível de aprendizado dos formandos nos três
últimos Enades (antigo Provão), a qualidade dos cursos de
graduação e de pós (quando foi
o caso), a titulação dos professores, a opinião dos alunos e a
infra-estrutura física.
No final, chegou-se ao chamado IGC (índice geral de cursos. São notas que vão de zero a
500 e que, como resultado, enquadram as instituições em faixas de 1 (as piores, com nota de
0 a 94) a 5 (as melhores, com
nota 395 a 500). As instituições
consideradas ruins são as que
ficaram nas faixas 1 e 2.
Fiscais
O IGC será utilizado pelos
fiscais do MEC que visitam as
instituições periodicamente
para avaliar se elas têm condição de abrir novos cursos e se os
cursos que já são oferecidos podem seguir funcionando.
Até agora, de acordo com o
governo, esses fiscais tinham
poucos critérios objetivos para
a fazer avaliação. Eles agora
chegarão às instituições com
dados concretos.
Dessa forma, para abrir um
curso novo, a instituição não
terá apenas a sua proposta de
curso considerada. Se a instituição como um todo for ruim,
ela, diz o governo, dificilmente
terá sucesso na ampliação.
"Por que vamos dar nova autorização se ela está fazendo
mau uso das que já têm?", diz
Haddad. "No limite, as instituições mal avaliadas poderão ser
descredenciadas."
A situação é pior entre as faculdades. Das 1.144 avaliadas,
429 tiveram nota 1 ou 2. De 131
centros universitários, 16 foram mal avaliados. E, de 173
universidades, só nove tiveram
nível crítico.
USP e Unicamp
Haddad lamentou o fato de a
USP e a Unicamp não participarem das avaliações do MEC.
Elas não são obrigadas a isso,
pois pertencem à rede estadual.
Respondem ao MEC as instituições federais e as privadas.
"Lamento a ausência delas,
pois teriam um excepcional desempenho e se tornariam referência", afirmou Haddad.
O ex-presidente do Inep (órgão do MEC responsável pelas
avaliações) Otaviano Helene
diz que o critério mais fidedigno de avaliação é o de cursos,
não o de instituições.
"Numa região pobre, por
exemplo, o curso pode ser ótimo, mas os alunos são fracos, já
que tiveram uma formação escolar deficiente. O curso não
deixa de ser bom por isso."
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