São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

Próximo Texto | Índice

MEC reprova 31% do ensino superior

3 em cada 10 instituições do país obtêm desempenho considerado inadequado; rede privada puxa a nota para baixo

Raio-X faz parte do primeiro ranking de instituições superiores; escola ligada à Fundação Getulio Vargas, no Rio, obteve a melhor nota


RICARDO WESTIN
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O raio-X do ensino superior, divulgado ontem pelo Ministério da Educação, permite duas importantes conclusões:
a) De cada dez instituições de ensino superior -ou seja, universidades, centro universitários e faculdades-, três têm nível inadequado (nota 1 ou 2).
b) É a rede privada que puxa o resultado para baixo, com quase a totalidade (96%) das instituições com desempenho considerado insatisfatório.
O raio-X faz parte do primeiro ranking oficial de instituições superiores, apresentado em Brasília pelo ministro Fernando Haddad (Educação).
De todas as 1.448 instituições avaliadas, foram dadas notas baixas a 454 delas (31%). A que obteve a melhor nota é a Ebef (Escola Brasileira de Economia e Finanças), do Rio, que pertence à Fundação Getulio Vargas.
Considerando apenas as universidades, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) é a que obteve o melhor desempenho no levantamento.
Outras 400 instituições não foram analisadas por serem novas e não terem turmas formadas ou porque pertencem à rede estadual e não aceitaram participar da avaliação -caso da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Para chegar ao novo ranking, o MEC (Ministério da Educação) avaliou o nível de aprendizado dos formandos nos três últimos Enades (antigo Provão), a qualidade dos cursos de graduação e de pós (quando foi o caso), a titulação dos professores, a opinião dos alunos e a infra-estrutura física.
No final, chegou-se ao chamado IGC (índice geral de cursos. São notas que vão de zero a 500 e que, como resultado, enquadram as instituições em faixas de 1 (as piores, com nota de 0 a 94) a 5 (as melhores, com nota 395 a 500). As instituições consideradas ruins são as que ficaram nas faixas 1 e 2.

Fiscais
O IGC será utilizado pelos fiscais do MEC que visitam as instituições periodicamente para avaliar se elas têm condição de abrir novos cursos e se os cursos que já são oferecidos podem seguir funcionando.
Até agora, de acordo com o governo, esses fiscais tinham poucos critérios objetivos para a fazer avaliação. Eles agora chegarão às instituições com dados concretos.
Dessa forma, para abrir um curso novo, a instituição não terá apenas a sua proposta de curso considerada. Se a instituição como um todo for ruim, ela, diz o governo, dificilmente terá sucesso na ampliação.
"Por que vamos dar nova autorização se ela está fazendo mau uso das que já têm?", diz Haddad. "No limite, as instituições mal avaliadas poderão ser descredenciadas."
A situação é pior entre as faculdades. Das 1.144 avaliadas, 429 tiveram nota 1 ou 2. De 131 centros universitários, 16 foram mal avaliados. E, de 173 universidades, só nove tiveram nível crítico.

USP e Unicamp
Haddad lamentou o fato de a USP e a Unicamp não participarem das avaliações do MEC. Elas não são obrigadas a isso, pois pertencem à rede estadual. Respondem ao MEC as instituições federais e as privadas.
"Lamento a ausência delas, pois teriam um excepcional desempenho e se tornariam referência", afirmou Haddad.
O ex-presidente do Inep (órgão do MEC responsável pelas avaliações) Otaviano Helene diz que o critério mais fidedigno de avaliação é o de cursos, não o de instituições.
"Numa região pobre, por exemplo, o curso pode ser ótimo, mas os alunos são fracos, já que tiveram uma formação escolar deficiente. O curso não deixa de ser bom por isso."


Próximo Texto: FGV do Rio obtém a maior nota no ranking do MEC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.