São Paulo, quarta-feira, 09 de setembro de 2009

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DEPOIMENTO

Sair de casa com essa chuva é uma estupidez

RODRIGO FIUME
EDITOR-ASSISTENTE DE COTIDIANO

"Caro ouvinte, não tenho mais o que dizer, a não ser que cancele compromissos, adie o que puder, mas não saia de casa hoje em São Paulo", diz o locutor no rádio. Sou mesmo um estúpido, penso. Por que diabos não fiquei em casa? Estou parado ao volante em pleno túnel Maria Maluf rumo à marginal Pinheiros. Do início ao fim dos 1.020 m do túnel, foram 30 minutos de primeira marcha, ponto morto, freio de mão...
O "estúpido" é também porque não uso muito o carro; adotei há mais de um ano o metrô ou a carona para ir ao trabalho. Mas tive de ir a São Bernardo do Campo, 35 km distante da Vila Madalena (zona oeste), onde moro. Ir tudo bem. Debaixo do temporal, levei "só" 1h25min.
Deixei São Bernardo às 11h10. O centro da cidade já estava alagado. Fazendo alguns desvios guiado pelo GPS, entrei na via Anchieta, finalmente, debaixo de chuva. Logo fui obrigado a deixar a pista central. Um ponto de alagamento gigante a havia fechado completamente -7 km de primeira e segunda marchas numa pista daquelas! Consegui pegar a avenida Tancredo Neves. Antes não tivesse. Parecia um enorme estacionamento.
Quando finalmente saí do túnel, me toquei que jamais conseguiria chegar em casa, almoçar, ir para o trabalho. A avenida dos Bandeirantes e a marginal Pinheiros estavam totalmente paradas, dizia o mesmo locutor. E eu já tinha deixado São Bernardo fazia uma hora e meia!
Busquei uma solução no GPS -tecnologia é para isso, não?- e descobri um hipermercado na avenida Jabaquara, a 300 m de onde estava. O problema é que precisaria dar uma supervolta.
As travessas da Bandeirantes estavam uma calmaria só, estranhamente. E se eu subisse um pouquinho nesse trechinho da ilha que separa a avenida da saída? Caramba! Não sou lá de cometer infrações. Não foi tão complicado. Cheguei às 12h25 ao hipermercado. Almocei ali e parti rumo ao jornal. Já não chovia mais. Não sei dizer por que, mas a 23 de Maio estava uma maravilha. Logo cheguei.
Desse "passeio" todo, o que restou foi o cansaço. E a jornada de trabalho ainda duraria até pelo menos 23h30 -se esse caos todo deixar, claro. Não me orgulho do trechinho sobre a ilha -sim, ele era pequeno, pode acreditar-, mas, sinto muito, sr. Kassab, é preciso fazer algo nesta cidade maluca.


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