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DEPOIMENTO
Sair de casa com essa chuva é uma estupidez
RODRIGO FIUME
EDITOR-ASSISTENTE DE COTIDIANO
"Caro ouvinte, não tenho
mais o que dizer, a não ser que
cancele compromissos, adie o
que puder, mas não saia de casa
hoje em São Paulo", diz o locutor no rádio. Sou mesmo um estúpido, penso. Por que diabos
não fiquei em casa? Estou parado ao volante em pleno túnel
Maria Maluf rumo à marginal
Pinheiros. Do início ao fim dos
1.020 m do túnel, foram 30 minutos de primeira marcha,
ponto morto, freio de mão...
O "estúpido" é também porque não uso muito o carro; adotei há mais de um ano o metrô
ou a carona para ir ao trabalho.
Mas tive de ir a São Bernardo do
Campo, 35 km distante da Vila
Madalena (zona oeste), onde
moro. Ir tudo bem. Debaixo do
temporal, levei "só" 1h25min.
Deixei São Bernardo às 11h10.
O centro da cidade já estava alagado. Fazendo alguns desvios
guiado pelo GPS, entrei na via
Anchieta, finalmente, debaixo
de chuva. Logo fui obrigado a
deixar a pista central. Um ponto
de alagamento gigante a havia
fechado completamente -7 km
de primeira e segunda marchas
numa pista daquelas! Consegui
pegar a avenida Tancredo Neves. Antes não tivesse. Parecia
um enorme estacionamento.
Quando finalmente saí do túnel, me toquei que jamais conseguiria chegar em casa, almoçar, ir para o trabalho. A avenida
dos Bandeirantes e a marginal
Pinheiros estavam totalmente
paradas, dizia o mesmo locutor.
E eu já tinha deixado São Bernardo fazia uma hora e meia!
Busquei uma solução no GPS
-tecnologia é para isso, não?-
e descobri um hipermercado na
avenida Jabaquara, a 300 m de
onde estava. O problema é que
precisaria dar uma supervolta.
As travessas da Bandeirantes
estavam uma calmaria só, estranhamente. E se eu subisse
um pouquinho nesse trechinho
da ilha que separa a avenida da
saída? Caramba! Não sou lá de
cometer infrações. Não foi tão
complicado. Cheguei às 12h25
ao hipermercado. Almocei ali e
parti rumo ao jornal. Já não
chovia mais. Não sei dizer por
que, mas a 23 de Maio estava
uma maravilha. Logo cheguei.
Desse "passeio" todo, o que
restou foi o cansaço. E a jornada de trabalho ainda duraria até
pelo menos 23h30 -se esse
caos todo deixar, claro. Não me
orgulho do trechinho sobre a
ilha -sim, ele era pequeno, pode acreditar-, mas, sinto muito, sr. Kassab, é preciso fazer algo nesta cidade maluca.
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