São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Destino São Paulo

Apesar da poluição, São Paulo ainda recebe aves em fuga do frio do Alasca e do norte do Canadá

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Água, ar e solo poluídos. Mesmo assim, nesta primavera, no fim do mês, regiões da cidade de São Paulo vão receber ilustres viajantes: pequenas aves migratórias que deixaram o Alasca e o norte do Canadá, fugindo do frio, para passar uma temporada em terras mais quentes.
Os grupos de batuíras e maçaricos já começaram a chegar, segundo Fabio Schunck, especialista em aves que há dez anos estuda a migração delas para São Paulo. O pico da chegada dos bichos é o mês de outubro.
Desde 2007, o especialista conta todos os meses os pássaros em áreas remotas da represa de Guarapiranga e ao parque Ecológico do Tietê. Dois pontos para a observação das aves que vêm do frio.
"Essas espécies se alimentam de pequenos invertebrados, em áreas alagadas. A matéria orgânica [esgoto], muitas vezes, acaba ajudando, porque aumenta a oferta de alimento para elas", diz.
Essas aves começam a deixar o norte da América do Norte algumas semanas antes de chegarem por aqui.
Milhares delas costumam parar, primeiro, na Amazônia. Muitas ficam por lá.
Outras, entretanto, seguem mais ao sul. "A Coroa do Avião, em Pernambuco, e a região dos lagos, no Rio de Janeiro, são duas áreas de paradas também", afirma.
Em um mesmo ano são cerca de 12 mil km de viagem.
Os voos ocorrem quase sempre à noite, porque o risco de predação é menor.
Em São Paulo, a observação dessas aves é relativamente tranquila, principalmente no parque Ecológico do Tietê, local de fácil acesso.
Um binóculo com aumento de 10 vezes, sem zoom, e uma lente de 50 mm são suficientes. "Um guia de observação de aves, vendido nas livrarias, ajuda a completar as ferramentas necessárias para a observação", diz ele.
No parque ecológico do Tietê, as pessoas podem caminhar normalmente pelos espaços convencionais.
A visita constante destas aves em áreas ameaçadas da cidade é mais um sinal de alerta, segundo Schunck.
"Estes locais ainda não estão totalmente protegidos. Grupos específicos, vistos aqui até os anos 1980, não estão chegando mais", afirma.
Por isso, diz o biólogo, a preservação destes locais já estudados é essencial.
As aves que visitam a Guarapiranga, por exemplo, este ano, vão observar uma novidade: o trecho sul do Rodoanel. A obra fica bem perto de onde Schunck trabalha.


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