|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Destino São Paulo
Apesar da poluição, São Paulo ainda recebe aves em fuga do frio do Alasca e do norte do Canadá
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
Água, ar e solo poluídos.
Mesmo assim, nesta primavera, no fim do mês, regiões
da cidade de São Paulo vão
receber ilustres viajantes: pequenas aves migratórias que
deixaram o Alasca e o norte
do Canadá, fugindo do frio,
para passar uma temporada
em terras mais quentes.
Os grupos de batuíras e
maçaricos já começaram a
chegar, segundo Fabio
Schunck, especialista em
aves que há dez anos estuda
a migração delas para São
Paulo. O pico da chegada dos
bichos é o mês de outubro.
Desde 2007, o especialista
conta todos os meses os pássaros em áreas remotas da represa de Guarapiranga e ao
parque Ecológico do Tietê.
Dois pontos para a observação das aves que vêm do frio.
"Essas espécies se alimentam de pequenos invertebrados, em áreas alagadas. A
matéria orgânica [esgoto],
muitas vezes, acaba ajudando, porque aumenta a oferta
de alimento para elas", diz.
Essas aves começam a deixar o norte da América do
Norte algumas semanas antes de chegarem por aqui.
Milhares delas costumam
parar, primeiro, na Amazônia. Muitas ficam por lá.
Outras, entretanto, seguem mais ao sul. "A Coroa
do Avião, em Pernambuco, e
a região dos lagos, no Rio de
Janeiro, são duas áreas de
paradas também", afirma.
Em um mesmo ano são
cerca de 12 mil km de viagem.
Os voos ocorrem quase
sempre à noite, porque o risco de predação é menor.
Em São Paulo, a observação dessas aves é relativamente tranquila, principalmente no parque Ecológico
do Tietê, local de fácil acesso.
Um binóculo com aumento de 10 vezes, sem zoom, e
uma lente de 50 mm são suficientes. "Um guia de observação de aves, vendido nas
livrarias, ajuda a completar
as ferramentas necessárias
para a observação", diz ele.
No parque ecológico do
Tietê, as pessoas podem caminhar normalmente pelos
espaços convencionais.
A visita constante destas
aves em áreas ameaçadas da
cidade é mais um sinal de
alerta, segundo Schunck.
"Estes locais ainda não estão totalmente protegidos.
Grupos específicos, vistos
aqui até os anos 1980, não estão chegando mais", afirma.
Por isso, diz o biólogo, a
preservação destes locais já
estudados é essencial.
As aves que visitam a Guarapiranga, por exemplo, este
ano, vão observar uma novidade: o trecho sul do Rodoanel. A obra fica bem perto de
onde Schunck trabalha.
Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Natal: Jovens levam pinguim de aquário no RN Índice
|