São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2000

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CÂMARA DE SP
Deputados e conselheiros do TCM apostaram todas suas fichas em candidatos, muitos deles desconhecidos
Eleição tem vitoriosos e derrotados ocultos

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado das eleições para a Câmara Municipal de São Paulo beneficia e prejudica políticos que apostaram todas as suas fichas para eleger seus vereadores.
Deputados federais, estaduais e conselheiros do TCM (Tribunal de Contas do Município) são os vitoriosos e derrotados ocultos das eleições de 1º de outubro.
Muitos apoiaram candidatos a vereador -pessoas completamente desconhecidas, na maioria das vezes- para aumentar sua influência política. Com a eleição de seus afilhados, os políticos passam a ter a possibilidade de contratar 21 pessoas com o dinheiro do município e mais condições para atender as demandas clientelistas de suas bases eleitorais.
O deputado estadual Celino Cardoso (PSDB) é um dos maiores derrotados ocultos. Tendo sido secretário da Casa Civil do governador Mário Covas, Celino apostou tudo em Cláudio Roberto Barbosa de Souza (PSDB), o Claudinho, mas perdeu.
Com uma densa base eleitoral na região noroeste de São Paulo, Celino havia garantido a eleição de Pierre de Freitas (PSDB), em 1996. Mas, neste ano, seu apoio só rendeu 21.710 votos para Claudinho, que ficou como segundo suplente do PSDB. Sem o apoio do padrinho, Pierre teve 9.493 votos.
O deputado estadual Conte Lopes (PPB) abandonou o vereador Cosme Lopes (PPB), seu sobrinho, para apoiar sua ex-mulher Sonia Conte Lopes (PPB). Nenhum dos dois se elegeu. Cosme teve 15.180 votos, e Sonia, 9.134.
Os deputados federais Nelo Rodolfo e José Índio (ambos do PMDB) sofreram com a repercussão das investigações feitas pela polícia em relação à corrupção na administração municipal.
Nelo Rodolfo, que foi presidente da Câmara Municipal nos primeiros dois anos da gestão Celso Pitta, apoiou o vereador Bruno Feder, candidato à reeleição, e Celso Meira (ambos do PTB). Feder foi citado em denúncias de corrupção e só conseguiu 10.567 votos. Meira teve 11.970.
O deputado confirma o apoio a Meira, mas nega ter dado respaldo a Feder, a quem cedeu seu assessor de imprensa, Roberto Viegas, quando foi para Brasília.
O fato de Feder não ter sido reeleito não é surpresa. Ele já havia tentado, sem sucesso, uma vaga na Assembléia Legislativa, em 1998. O mesmo ocorreu com Miguel Colasuonno (PMDB), que só obteve 10.456 votos.
O deputado federal José Índio Ferreira do Nascimento (PMDB) apoiou Arlindo Afonso Alves (PTB), que havia sido administrador regional da Mooca, por indicação dele. Apesar de sua ligação com Zé Índio, Arlindo só teve 10.406 votos, após ter figurado na lista de suspeitos de irregularidades. "Ele pensou que tinha vôo próprio", afirma o deputado.
O comerciante Geová Francisco de Oliveira (PRTB), outro candidato apoiado por Zé Índio, teve apenas 6.204 votos.
O deputado federal Gilberto Kassab (PFL) apostou na eleição de Alfredo Cotait (PFL) e perdeu. Cotait teve tempo privilegiado no horário eleitoral gratuito do partido, mas só conseguiu 7.120 votos.
Mas ele não a única pessoa apoiada por Kassab, que ajudou vários candidatos de seu partido. Um dele, Toninho Paiva (PFL), foi reeleito com 25.729 votos.
O deputado estadual Alberto Turco Loco Hiar (PSDB) é outro que se deu mal. Oficialmente, ele apoiou o vereador Eder Jofre (PSDB), candidato à reeleição. Jofre só teve 10.771 votos.
O irmão de Turco Loco, Cláudio Hayar (PFL), também não se elegeu com seus 8.277 votos.
O candidato Roberto Trindade Rojão (PSDB) não conseguiu se eleger. Ele costuma fazer "dobradinha" com o deputado federal Antonio Kandir (PSDB).
O deputado estadual Rodolfo Costa e Silva (PSDB) não conseguiu eleger Heitor Sertão (PSDB), que teve 11.485 votos.
O conselheiro do TCM Walter Abrahão não conseguiu eleger seu filho Walter Abrahão Filho (PFL), que teve 11.540 votos.
O deputado estadual Edson Farrarini (PL) também não conseguiu eleger Constantino Cury (PHS). Eles trabalham juntos em um centro de recuperação de usuários de drogas.
Mesmo apoiando a candidata Marta Suplicy (PT) e utilizando grande parte do espaço do PHS no horário eleitoral gratuito, ele conseguiu apenas 3.499 votos.
O apoio do vice-prefeito de São Paulo, Régis de Oliveira (PMN), não adiantou muito ao delegado Mellão (PMN). O candidato só conseguiu 5.690 votos.

Vitoriosos
O deputado estadual Arthur Alves Pinto (PL) faz parte do grupo de vitoriosos ocultos das eleições. Ele ajudou a eleger Antonio Carlos Rodrigues (PL), que obteve 20.962 votos.
Rodrigues foi chefe de gabinete de Pinto na Secretaria das Administrações Regionais, no final do governo Paulo Maluf (1993-96).
O conselheiro do TCM Antonio Carlos Caruso também se deu bem nas eleições. Conseguiu a reeleição de seu afilhado, o vereador Antônio Goulart, com 27.582 votos. Goulart também contou com o apoio do deputado estadual Jorge Caruso, filho do conselheiro do TCM.
O deputado estadual Walter Feldman (PSDB) é outro dos que apoiaram vários candidatos. Ele foi coordenador da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura. Conseguiu eleger um dos seus candidatos: Gilberto Natalini (PSDB), com 26.210 votos.
Os dois são médicos e estudaram na Escola Paulista de Medicina. Eles também participaram juntos de um grupo que faz atendimentos médicos gratuitos na região de Cangaíba (zona leste de São Paulo).
O deputado federal Ricardo Izar (PMDB) também viu sua vereadora reeleita. Miriam Athie (PMDB) teve 26.543 votos.
Já o deputado estadual Gilberto Nascimento (PMDB) conseguiu eleger um de seus dois candidatos. Humberto Martins (PDT) teve 21.220 votos (leia texto abaixo). O outro, Adilson Rossi (PTB), teve 20.772 votos e ficou como primeiro suplente de seu partido. Os três são da comunidade evangélica cristã Paz e Vida.
Os deputados estaduais Alberto Calvo (PSB) e Antonio Salim Curiati (PPB) reelegeram seus filhos, Rubens Calvo (PSB) e Antonio Salim Curiati Júnior (PPB).



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