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Policiais são acusados de incriminar vítima de abuso
Garota foi presa por tráfico pelos mesmos PMs que apontou na Corregedoria
Além da jovem, a líder de direitos humanos que ajudou na denúncia foi incluída em uma lista de envolvidos com o PCC
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Policiais militares são acusados de forjar provas para incriminar uma jovem vítima de
abuso sexual, que denunciou os
próprios PMs pelo crime, e
também uma líder de direitos
humanos que atua na zona leste de São Paulo.
Os policiais envolvidos são
do 19º Batalhão da PM. Em
duas ocorrências, no mês passado, eles apresentaram provas
de suposto envolvimento da jovem e da advogada Valdênia
Paulino, do centro de direitos
humanos de Sapopemba (zona
leste), com o tráfico de drogas.
A jovem foi presa em 15 de setembro por um dos PMs acusados de ter abusado sexualmente dela em janeiro, na quadra de
uma escola municipal em Sapopemba. O nome de Valdênia foi
parar em um caderno com supostas contas do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Representantes de entidades
e de órgãos de direitos humanos, entre eles a secretaria nacional que trata do tema, acusam os PMs de armarem as
provas. Ontem, o grupo percorreu vários órgãos públicos, como a Secretaria da Segurança
Pública, para cobrar o esclarecimento dos casos e o afastamento dos policiais envolvidos.
"A armação [policial] foi primária. As estratégias de criminalizar e desmoralizar os defensores de direitos humanos
substituíram o que antes era
simplesmente contratar um
pistoleiro para matar", afirmou
Fernando Matos, coordenador-geral do programa de proteção de defensores de direitos
humanos da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
A perseguição policial começa, segundo as entidades, em janeiro, depois que a jovem de 18
anos afirma ter sido abusada
sexualmente por seis PMs. Ela
reconheceu dois: os soldados
Edmilson Cristiano Miranda e
Alexandre Tomaz Camargo.
Valdênia acompanhou o reconhecimento. A acusação foi
confirmada pela Corregedoria
da PM, que acusou formalmente os dois PMs à Justiça Militar.
Foi o mesmo soldado Miranda que fez a prisão da jovem. No
boletim de ocorrência, ele afirma que a jovem portava droga e
R$ 100. Ela nega. Testemunhas
também negaram ter visto a jovem com a droga. Nove dias depois, a Justiça suspendeu a prisão e solicitou dados à Corregedoria da PM sobre o envolvimento do policial no caso.
No dia 27 do mês passado,
policiais da Força Tática do 19º
Batalhão estouraram o que seria uma central do PCC. O nome de Valdênia aparece no suposto livro de contas. "A armação é tosca. Colocaram meu nome com uma caligrafia totalmente diferente das letras da
página", afirma Valdênia. Ela
não foi acusada formalmente.
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