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DEPOIMENTO
Corri abraçado aos dois: meu filho e o menino que chorava
ALEXANDRE FELIX DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando senti a Pajero bater na traseira do meu carro
uma, duas vezes, minha reação foi pisar no freio. Pensei:
"O cara vai tentar fugir!".
No retrovisor, vi o carro
cantando pneu, saindo fumaça. Pisei mais firme ainda.
Ele não vai fugir! Achei que
fosse uma batida de trânsito.
Moro em Pirituba, estava
indo para casa com meu filho
de oito anos, Alexandre Jr. Tinha pego esse caminho justamente para escapar da
marginal Tietê, pois me disseram que ela estava parada.
Só comecei a entender que
era algo diferente quando escutei o primeiro tiro. O policial atirou perto de mim. Minha reação foi deitar sobre
meu filho no banco do carro.
Pensei que seriam uns dois
tiros, mas foram muitos, não
paravam nunca. Um policial
gritou: "Parem de atirar que
tem criança!".
Abracei meu filho e disse a
ele para corrermos. Corri para o lado errado. Fui em direção a um policial. Depois, fui
em direção à avenida.
No meio do caminho,
abracei um menino com
umas bolinhas, aqueles que
fazem malabarismo nas ruas.
Ele estava chorando no meio
da rua. "Vem comigo, menino", eu disse. Corri abraçado
aos dois garotos.
Nunca na minha vida havia passado por algo assim.
ALEXANDRE FELIX DE OLIVEIRA, 32,
microempresário, cuja picape Corsa estava
à frente da Pajero atingida pelo criminoso
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