São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2010

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DEPOIMENTO

Corri abraçado aos dois: meu filho e o menino que chorava

ALEXANDRE FELIX DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando senti a Pajero bater na traseira do meu carro uma, duas vezes, minha reação foi pisar no freio. Pensei: "O cara vai tentar fugir!".
No retrovisor, vi o carro cantando pneu, saindo fumaça. Pisei mais firme ainda. Ele não vai fugir! Achei que fosse uma batida de trânsito.
Moro em Pirituba, estava indo para casa com meu filho de oito anos, Alexandre Jr. Tinha pego esse caminho justamente para escapar da marginal Tietê, pois me disseram que ela estava parada.
Só comecei a entender que era algo diferente quando escutei o primeiro tiro. O policial atirou perto de mim. Minha reação foi deitar sobre meu filho no banco do carro.
Pensei que seriam uns dois tiros, mas foram muitos, não paravam nunca. Um policial gritou: "Parem de atirar que tem criança!".
Abracei meu filho e disse a ele para corrermos. Corri para o lado errado. Fui em direção a um policial. Depois, fui em direção à avenida.
No meio do caminho, abracei um menino com umas bolinhas, aqueles que fazem malabarismo nas ruas.
Ele estava chorando no meio da rua. "Vem comigo, menino", eu disse. Corri abraçado aos dois garotos.
Nunca na minha vida havia passado por algo assim.


ALEXANDRE FELIX DE OLIVEIRA, 32, microempresário, cuja picape Corsa estava à frente da Pajero atingida pelo criminoso


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