São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

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Temido, radar móvel deixa de ser usado em São Paulo

Defendido por especialistas, aparelho era criticado por motoristas infratores

Governo levava muita 'pancada', diz diretor da CET sobre medida, adotada a um ano das eleições municipais

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

Temidos por motoristas que procuram cada brecha da fiscalização para acelerar além da conta, os radares móveis não frequentam mais as ruas e avenidas paulistanas.
A aposentadoria foi decretada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), após mais de uma década de atividade na cidade de São Paulo.
Devido ao revezamento nos pontos de vigilância, surpreendendo com mais frequência quem desrespeita limites de velocidade, os radares móveis sempre foram os principais alvos de ataques dos condutores multados.
Defendidos por nove entre dez especialistas em segurança viária, esses aparelhos eram considerados pelos motoristas infratores "armadilhas", instrumentos da alegada "indústria de multas".
No fim de julho, os últimos 13 equipamentos (que poderiam variar a vigilância em 150 endereços) foram colocados em pontos permanentes.
E a nova diretriz é essa: não haverá mais revezamento de fiscalização. Todos seguirão instalados em pontos fixos, que somam hoje mais de 500 -os endereços estão na internet (www.cetsp.com.br).
"O secretário [dos Transportes, Marcelo Branco] falou: vamos acabar com esse negócio de cara pendurado atrás de radar escondidinho", afirma Luiz Alberto dos Reis, coronel da Polícia Militar e diretor administrativo da CET.
Não havia efeito educativo? "É bom para arrecadar", responde Reis, que acrescenta: "A rotatividade tem um lado positivo para a segurança do trânsito. Mas, por outro lado, a administração sempre tomou pancada por isso."
Ainda assim, Reis nega qualquer influência das eleições para prefeito em 2012 na posição adotada pelo governo Gilberto Kassab (PSD).
A CET também decidiu retirar as caixas metálicas vazias (sem radares) de avenidas, que davam uma falsa sensação de fiscalização.

EFEITO PSICOLÓGICO
Entre 2005 e 2010, a frota subiu 16%, enquanto as multas na capital saltaram 96%.
Especialistas defendiam os radares móveis pelo efeito psicológico nos motoristas. Além de acidentes, eles temem favorecimento a quem só obedece limites de velocidade onde há fiscalização.
Para Ailton Brasiliense, ex-presidente do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), é como dizer que só haverá marronzinho para multar em esquinas predefinidas, liberando as demais.
"É brincar com a vida alheia baseado no discurso dos infratores contumazes", afirma Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia de tráfego da USP.



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