São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Julgar traz sensação de poder, diz psicóloga

DE SÃO PAULO

Para a psicóloga Liliana Seger, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, a função de julgar o destino das pessoas traz aos juízes uma sensação muito grande de poder.
Essa sensação, também observada em outras profissões relacionadas a poder, como a de promotor, chega a liberar endorfina no corpo, o que faz a pessoa sentir prazer. "Quanto mais atua, mais ele se sente poderoso. E não tem ninguém acima dele para dizer: para!", afirma.
A psicóloga diz acreditar que, por isso, as aulas de humildade da associação só serão assimiladas por pessoas já inclinadas à humanidade e não deverão surtir efeito em quem tem soberba.
"Elas vão dizer: `que bobagem. Você acha que vou seguir essa lorota de ser bonzinho?' Não pega. Vai pegar em quem já tem esse perfil."
Liliana diz que os juízes e promotores com esse tipo de comportamento muitas vezes não têm noção disso. Não percebem, por exemplo, nem que maltratam seus subordinados.
"Acham que estão acima do bem e do mal. Se humilham um funcionário, até pensam que estão ajudando. `Mostrei como é a realidade dos fatos'", afirma.
Liliana diz que, para ela, o trabalho da associação pode surtir melhor resultado nos estudantes, mas as aulas precisam ocorrer com alguma regularidade. "Se vai às faculdades e trabalha muito isso, pode ser maravilhoso, porque o professor é exemplo", diz.
Até porque, segundo ela, muitos profissionais soberbos dão aulas e acabam passando uma mensagem errada de que, para ser bem-sucedido na carreira, precisa ser assim.
"É um modelo inadequado, mas para eles é adequado porque a pessoa se deu bem. Ainda é muito associado o fato de que ser bravo, ser duro, é ser competente. Pelo contrário. Quanto menos soberbo, mais competente." (RP)



Texto Anterior: Grupo ensina humildade a juiz e promotor
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.