São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2001

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NOVA IGUAÇU

Município do Rio já teve oito mortes por leptospirose neste ano

Cidade paga R$ 5 por kg de rato morto

Roberto Price/Folha Imagem
Técnicos da prefeitura de Nova Iguaçu identificam ninho de ratos


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Cinco reais por cada quilo de ratos mortos. Essa é a polêmica campanha que será iniciada no próximo dia 24 pela Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (Rio de Janeiro).
O objetivo é promover a desratização da cidade, que, segundo a Coordenadoria de Vetores da prefeitura, tem seis ratos para cada um dos 750.485 habitantes -o dobro da média mundial segundo a Organização Mundial da Saúde.
Nova Iguaçu, governada por Nelson Bornier (PL), é o terceiro maior município do Rio, com 206.895 domicílios, dos quais só 20% são ligados à rede de esgoto. Segundo dados da prefeitura, 8% deles teriam ninhos de ratos.
A cidade já registrou neste ano 134 casos de leptospirose (doença transmitida pela urina do rato), com oito mortes. De acordo com a prefeitura, 23 pessoas foram mordidas pelo animal em 2001.
A estimativa da prefeitura é conseguir oito toneladas de ratos mortos (27 mil roedores). Se esse número se confirmar, a prefeitura terá um gasto de R$ 40 mil.
A partir de segunda, a prefeitura aplicará raticidas (veneno) nos imóveis que tiverem focos. A idéia é que, quando os ratos começarem a aparecer mortos, os moradores entrem em contato com os agentes de saúde, que recolherão os roedores para fazer a pesagem.
A prefeitura promete pagar na hora. Segundo o coordenador de Vetores da prefeitura, Uranis Assunção, as pessoas que tentarem matar os animais com pauladas ou chumbinho (outro tipo de veneno, mais comum) não terão direito ao dinheiro. "Queremos evitar que as pessoas tenham contato direto com o animal ou, então, comecem a criar ratos dentro de casa só para aumentar a renda."
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, classificou a campanha como "vergonhosa". Para Darze, o governo deveria investir em saneamento básico e fazer a coleta diária do lixo.
O projeto é um convênio com a Nucaecol (Núcleo de Comunicação Cultural de Apoio às Entidades de Carapicuíba, em SP), consultoria técnica que ficará responsável pelo transporte dos animais mortos, para incineração, e pelo pagamento à população.



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