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Câmara torna Pitta inelegível por 5 anos
Vereadores de SP acataram parecer do TCM que rejeitou as contas de 1999 do ex-prefeito, por gastar menos que exigido em educação
Candidato a deputado federal no último pleito, Pitta não se elegeu; em outra votação, contas de Erundina de 1992 foram aprovadas
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara de São Paulo acatou ontem o parecer do TCM
(Tribunal de Contas do Município) e rejeitou as contas de
1999 do ex-prefeito Celso Pitta,
candidato derrotado a deputado federal pelo PTB nas últimas
eleições. A decisão torna Pitta
inelegível por cinco anos.
Foi uma votação tumultuada, com somente 25 vereadores
presentes -23 votaram contra
Pitta e dois se abstiveram-, e
que terminou em bate-boca entre Agnaldo Timóteo (PL), que
saiu em defesa do ex-prefeito, e
Myryam Athie (PPS).
O vereador do PL afirmou
que a decisão dos vereadores se
tratava de "preconceito e racismo nojento e asqueroso". Também prometeu "vingança", falando em direção a vereadores
do PT e do PSDB.
Athie ironizou a manifestação de Timóteo. "[A decisão] é
para que ele [Pitta] possa curtir
férias. O povo de São Paulo não
o quer mais na política", disse,
fazendo referência aos 7.484
votos que o ex-prefeito obteve
nas eleições de outubro.
Segundo o parecer do TCM,
Pitta descumpriu normas
constitucionais nos gastos com
educação. Ele aplicou somente
19,67% da receita de impostos
no ensino (a Constituição determina 20%) e R$ 227 milhões
a menos do que exigido por lei
no ensino fundamental.
Outra irregularidade apontada pelo TCM foi a contabilização, nos balanços de 1999, de
R$ 210 milhões em despesas do
ano anterior, outra infringência à Constituição.
O presidente da Câmara, Roberto Tripoli (sem partido), vai
enviar as contas de Pitta ao Ministério Público do Estado, como prevê o regimento interno.
Os vereadores ainda votaram
contra, com 46 votos e quatro
abstenções, o parecer do TCM
que rejeitou as contas de 1992
da ex-prefeita Luiza Erundina,
deputada federal pelo PSB.
Erundina, ao comentar o resultado da sessão, disse ter havido "justiça". "Toda a cidade é
testemunha da perseguição
que sofri do TCM, que rejeitou
todas as minhas contas, sendo
que isso jamais havia ocorrido."
Um pedido de contagem nominal do quórum, feito por Wadih Mutran (PFL), impediu que
fossem apreciados ontem os
pareceres -todos favoráveis-
sobre contas do deputado federal eleito Paulo Maluf (PP). Como só havia 17 vereadores no
plenário, não houve quórum.
Tripoli disse que tentará votar todas as contas pendentes
antes de encerrar seu mandato
de presidente, no final do ano.
Prazo para votação
O colégio de líderes dos partidos decidiu encaminhar um
projeto de lei para que seja fixado um prazo limite para que os
vereadores votem as contas de
gestão dos prefeitos.
O objetivo, afirma Tripoli, é
tentar acabar com distorções
como o fato de as contas de
1992 de Erundina ainda estarem pendentes, 14 anos depois.
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