São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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PM vai a julgamento pela morte de 3 jovens

Soldado Cláudio Honório de Morais também é suspeito de ter chefiado um grupo de extermínio que atuava em Guarulhos

Segurança também será julgado pelo crime, cometido em abril de 2003; principal testemunha foi morta a tiros neste ano


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontado como chefe de um grupo de extermínio supostamente formado por policiais de Guarulhos (Grande São Paulo), o soldado do 15º Batalhão da Polícia Militar Cláudio Honório de Morais, 41, será julgado hoje, a partir das 13h, pelo assassinato de três jovens -Daniel Gervilia dos Santos e Rodrigo Franco dos Santos, ambos de 22 anos, e Paulo Sérgio de Souza Bernardes, 19.
Ao lado de Morais, no Tribunal do Júri de Guarulhos, também será julgado o segurança Cláudio Rodrigues dos Santos, 25. Os dois réus -que estão presos-, juntamente com Sérgio da Silva, 31, o Serginho, que será julgado em outra data, são acusados de matar os jovens a tiros em 6 de abril de 2003, no Jardim Tranqüilidade.
Caso seja condenado pela chacina, Morais, que já foi investigado por outros dez assassinatos, poderá pegar a uma pena de até 52 anos.
Segundo o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, os réus estavam em um Gol quando cometeram o crime. Ainda segundo a acusação, a intenção era matar o irmão de Daniel. A vítima Rodrigo Franco dos Santos teria sido morta por engano. Carlos Alberto Pinheiro Júnior, 20, que estava com os jovens, escapou dos tiros ao pular o muro de uma casa.
Apontado pelo promotor como a principal testemunha da chacina, Pinheiro Júnior, porém, foi assassinado, também a tiros, em 14 de janeiro.

Extermínio
Entre 2002 e 2003, Guarulhos ficou marcada pela ação de um grupo de extermínio. No período, o Ministério Público contabilizou 52 assassinatos com características de execução. Os crimes, segundo a Promotoria, foram encomendados por comerciantes e cometidos por criminosos que usavam toucas tipo ninja e estavam em carros com vidros escurecidos ou em motos.
Nas casas de Morais e de Santos, foram apreendidas toucas desse tipo, armas irregulares, rádios HT que operavam na freqüência da PM e um capacete com a imagem de um bebê pintada -segundo testemunhas, o grupo usava um com a mesma característica.


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