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São Paulo barra a venda de lotes de anticoncepcional
Exames indicaram suposta ineficácia em 200 mil doses do Contracep, injetável
Médicos e serviços de saúde receberão um alerta para identificar pacientes que usaram ou estejam usando o remédio sob suspeita
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O governo do Estado de São
Paulo proibiu ontem a venda e
o uso de três lotes do anticoncepcional injetável Contracep,
fabricado pelo laboratório
EMS-Sigma Pharma, por suspeita de que o medicamento
não seja eficaz. Exames mostraram que os lotes têm quantidade de hormônios até 25%
menor do que a prevista.
A Secretaria da Saúde informou que isso coloca em risco a
eficácia do medicamento na
prevenção da gravidez e que
200 mil mulheres no Brasil podem ter usado ou estão usando
o anticoncepcional interditado.
A decisão de suspender a
venda e o uso dos lotes do Contracep se deu por meio do CVS
(Centro de Vigilância Sanitária), após exames realizados no
Instituto Adolfo Lutz detectarem menor quantidade de hormônios nos lotes 080501-1,
080496-1 e 087359-1.
De acordo com a coordenadora do Programa de Saúde da
Mulher do Estado, Tânia Lago,
"como algumas amostras dos
lotes tinham volume de hormônio menor que o necessário,
é possível que as mulheres não
tenham a proteção por três meses, ficando então sujeitas a engravidar".
Ela afirma que a distribuição
dos lotes ocorreu em outras regiões, além do Estado de São
Paulo, a partir de junho deste
ano, mas que ainda não é possível determinar a quantidade
que já foi usada por pacientes.
"Como nós não temos até agora
o mapa de comercialização, nós
não sabemos dizer quantas
dessas 200 mil doses foram já
consumidas", disse.
Apesar de os lotes terem sido
distribuídos em outros Estados, o CVS pode exigir apenas
que a fabricante brasileira
EMS-Sigma Pharma recolha o
produto em São Paulo.
Informação
Para saber qual lote tomaram, as mulheres podem procurar as farmácias ou clínicas
que fizeram a aplicação do medicamento.
O governo de São Paulo está
enviando um comunicado para
médicos e unidades de saúde
públicas e privadas para que
identifiquem mulheres que utilizaram ou estejam usando o
produto de um dos lotes interditados e as encaminhe aos serviços de saúde.
Segundo a Secretaria da Saúde, as mulheres que receberam
uma dose do anticoncepcional
há mais de quatro semanas e
que estejam com ciclo menstrual atrasado devem fazer teste de gravidez e usar preservativo até o resultado do exame.
Já as mulheres que receberam a dose há menos de quatro
semanas devem utilizar preservativo ou qualquer outro método anticoncepcional que não
tenha contra-indicação, incluindo nova dose de anticoncepcional injetável.
Segundo Tsutomu Aoki, chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Santa
Casa de São Paulo, muitas mulheres preferem o anticoncepcional injetável para não ter
que se preocupar diariamente
em tomar a pílula, mas os dois
são "formulações diferentes".
Além disso, o uso do anticoncepcional injetável, que tem como base o hormônio progesterona, é indicado em casos em
que a mulher tem uma hiper
produção de estrógeno ou em
alguns casos de endometriose
(doença também associada ao
excesso de estrógeno).
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