São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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São Paulo barra a venda de lotes de anticoncepcional

Exames indicaram suposta ineficácia em 200 mil doses do Contracep, injetável

Médicos e serviços de saúde receberão um alerta para identificar pacientes que usaram ou estejam usando o remédio sob suspeita


MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O governo do Estado de São Paulo proibiu ontem a venda e o uso de três lotes do anticoncepcional injetável Contracep, fabricado pelo laboratório EMS-Sigma Pharma, por suspeita de que o medicamento não seja eficaz. Exames mostraram que os lotes têm quantidade de hormônios até 25% menor do que a prevista.
A Secretaria da Saúde informou que isso coloca em risco a eficácia do medicamento na prevenção da gravidez e que 200 mil mulheres no Brasil podem ter usado ou estão usando o anticoncepcional interditado.
A decisão de suspender a venda e o uso dos lotes do Contracep se deu por meio do CVS (Centro de Vigilância Sanitária), após exames realizados no Instituto Adolfo Lutz detectarem menor quantidade de hormônios nos lotes 080501-1, 080496-1 e 087359-1.
De acordo com a coordenadora do Programa de Saúde da Mulher do Estado, Tânia Lago, "como algumas amostras dos lotes tinham volume de hormônio menor que o necessário, é possível que as mulheres não tenham a proteção por três meses, ficando então sujeitas a engravidar".
Ela afirma que a distribuição dos lotes ocorreu em outras regiões, além do Estado de São Paulo, a partir de junho deste ano, mas que ainda não é possível determinar a quantidade que já foi usada por pacientes. "Como nós não temos até agora o mapa de comercialização, nós não sabemos dizer quantas dessas 200 mil doses foram já consumidas", disse.
Apesar de os lotes terem sido distribuídos em outros Estados, o CVS pode exigir apenas que a fabricante brasileira EMS-Sigma Pharma recolha o produto em São Paulo.

Informação
Para saber qual lote tomaram, as mulheres podem procurar as farmácias ou clínicas que fizeram a aplicação do medicamento.
O governo de São Paulo está enviando um comunicado para médicos e unidades de saúde públicas e privadas para que identifiquem mulheres que utilizaram ou estejam usando o produto de um dos lotes interditados e as encaminhe aos serviços de saúde.
Segundo a Secretaria da Saúde, as mulheres que receberam uma dose do anticoncepcional há mais de quatro semanas e que estejam com ciclo menstrual atrasado devem fazer teste de gravidez e usar preservativo até o resultado do exame.
Já as mulheres que receberam a dose há menos de quatro semanas devem utilizar preservativo ou qualquer outro método anticoncepcional que não tenha contra-indicação, incluindo nova dose de anticoncepcional injetável.
Segundo Tsutomu Aoki, chefe do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo, muitas mulheres preferem o anticoncepcional injetável para não ter que se preocupar diariamente em tomar a pílula, mas os dois são "formulações diferentes".
Além disso, o uso do anticoncepcional injetável, que tem como base o hormônio progesterona, é indicado em casos em que a mulher tem uma hiper produção de estrógeno ou em alguns casos de endometriose (doença também associada ao excesso de estrógeno).


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