CLARICE CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É difícil diferenciar a história do Masp (Museu de Arte de São Paulo) da trajetória de vida de Luiz Sadaki Hossaka.
Paulista de Birigui, mudou-se para SP em 1946. Na época, queria estudar química, como disse em entrevista à Folha em 1997.
Em vez dos laboratórios, dedicou a vida ao mundo das telas e pincéis e se tornou referência nas artes plásticas pelos anos de serviços prestados ao Masp.
Deu os primeiros passos da parceria com a instituição em 1950, época em que o museu ainda ocupava quatro andares do edifício dos Diários Associados, na rua Sete de Abril, região central de São Paulo.
Ali, conviveu com o empresário Assis Chateaubriand e foi secretário do professor Pietro Maria Bardi. Na década de 1960, testemunhou e registrou com sua câmera a construção de cada pilar da nova sede do Masp na avenida Paulista.
Desde então, acompanhou cada capítulo da história da instituição, até se tornar conservador chefe, em 1994. Antes, atuara comandando a programação de cinema, organizou cursos de música e atuou como curador. Tamanha experiência o transformou em referência no Masp para os colegas.
"Ele dedicou toda a vida e a carreira ao museu, presenciando as fases mais variadas, da mais histórica à moderna.
Como fotógrafo, produziu praticamente todas as imagens educativas e documentou as obras do museu. Era um pedaço fundamental do Masp", lembra o curador coordenador da instituição, Teixeira Coelho.
"Minha vida é o Masp. Se me derem o bilhete azul, não sei... Perco o rumo", afirmou na ocasião da entrevista, em 1997, quando disse também que, naqueles 47 anos de trabalho, jamais tirara férias.
Hossaka morreu na manhã do último sábado, aos 81 anos, vítima de hemorragia interna. Foi velado no mesmo dia no subsolo do museu a que dedicou 59 anos de vida.

coluna.obituario@uol.com.br


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