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saber
7 mitos na educação
Pesquisas nacionais e internacionais mostram que, isoladas, "soluções" que parecem óbvias não melhoram o desempenho dos alunos
FABIANA REWALD
DA REPORTAGEM LOCAL
Para melhorar a educação no
Brasil basta investir mais, aumentar o salário dos professores e treiná-los constantemente, além de melhorar a infraestrutura das escolas, certo?
Errado. Diversos estudos nacionais e internacionais mostram que as "soluções" acima,
na verdade, não passam de mitos. São questões importantes
para um projeto de longo prazo, mas que por si só não promovem melhoria na educação.
Em relação ao investimento,
por exemplo, municípios que
gastam R$ 1.000 por aluno no
fundamental tiveram a mesma
nota na Prova Brasil (exame federal que avalia estudantes)
que municípios que gastam
R$ 3.000, segundo dados de
2005 que embasam pesquisa de
Naercio Aquino Menezes Filho, do Insper (antigo Ibmec).
Cingapura é outro exemplo
de que gastos e qualidade na
educação não têm uma relação
direta. O país obteve ótimos resultados nos últimos anos apesar de ter aplicado menos recursos na educação primária
que 27 dos 30 países da OCDE
(organização de países desenvolvidos), segundo relatório de
2007 da consultoria McKinsey.
A relação entre desempenho
dos alunos e salários de professores também não é tão direta.
O Distrito Federal, por exemplo, paga os melhores salários
do país, mas não tem o melhor
resultado em exames federais
como Prova Brasil e Saeb, segundo levantamento feito por
Maria Helena Guimarães de
Castro quando era secretária
de Educação de SP, cargo que
deixou neste ano.
O problema da educação é
muito mais complexo. Mas é
consenso que o ponto central é
ter professores bem formados,
que saibam ensinar e dominem
a disciplina que lecionam.
Parece simples, mas não é. É
comum, em muitas regiões do
país, que professores de matemática sejam contratados para
ensinar física. Segundo o censo
da educação básica de 2007,
dos professores de física no ensino médio do país, só 25% tinha formação na área.
Isso porque os formados em
física acabam atraídos por outras profissões com maior retorno financeiro.
Mas, então, aumentar o salário significativamente não ajudaria? Estudiosos de educação
acreditam que um reajuste assim só teria efeito no longo prazo. Aumentar sem critérios os
salários de todos os professores
não fará com que eles passem a
ensinar melhor agora, pois já
têm falhas na sua formação.
Uma opção a curto prazo sugerida por Menezes Filho é
atrelar o reajuste à melhora no
desempenho. Assim, ele funcionaria como estímulo.
Já no longo prazo, de fato, esse aumento no salário pode ser
eficaz, a partir do momento em
que a carreira de professor passa a interessar os melhores alunos do ensino médio.
Abaixo, veja sete mitos derrubados por pesquisas -os nomes dos estudos estão em
www.folha.com.br/093091.
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