São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

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DINA KOLKER LACERDA (1936-2010)

Teve um amor à Romeu e Julieta

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Estavam na Biblioteca Municipal, mas em vez de olharem para os livros, viram um ao outro. Ali, Dina Kolker Lacerda se apaixonou por Leopoldo. Ambos eram estudantes de sociologia da USP.
Só que havia um porém: Dina era filha de judeus; Leopoldo, de protestantes.
Namoraram escondidos por dois anos. Quando foram descobertos, os pais da moça, contrários à união, trataram de mandá-la para Israel, a fim de separar o casal.
Ela foi. Morou dois anos num kibutz, aprendeu hebraico e, por um ano, foi gerente de uma loja num hotel.
A estratégia não deu em nada. Quando retornou ao país, Dina voltou a namorar Leopoldo, que, muito carismático, acabou aceito.
Casaram-se em 1964. O marido, formado também em direito pela USP, trabalhou a vida toda como advogado.
Juntos, adoravam viajar. Mesmo com três filhos, botavam a molecada no carro e iam de São Paulo a Fortaleza.
Em casa, conta a filha Sabrina, a sintonia entre os dois era tão grande que eles se comunicavam até por assobios.
Dina dedicou-se à família e teve de superar intempéries. Cuidou da mãe com câncer, que aos 54 anos foi vencida pela doença. Com a irmã, a situação foi semelhante.
Em 1994, Leopoldo morreu de leucemia, aos 60 anos. Em 2008, a filha Sabrina também teve câncer, e, ao lado da mãe, conseguiu se curar.
Dina nunca reclamou da vida. Mesmo viúva, manteve o gosto pelas viagens e foi com os filhos até Israel.
Na madrugada de terça-feira, morreu aos 73 anos, também de leucemia. Teve três filhos e duas netas.

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