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DINA KOLKER LACERDA (1936-2010)
Teve um amor à Romeu e Julieta
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Estavam na Biblioteca Municipal, mas em vez de olharem para os livros, viram um
ao outro. Ali, Dina Kolker Lacerda se apaixonou por Leopoldo. Ambos eram estudantes de sociologia da USP.
Só que havia um porém:
Dina era filha de judeus; Leopoldo, de protestantes.
Namoraram escondidos
por dois anos. Quando foram
descobertos, os pais da moça, contrários à união, trataram de mandá-la para Israel,
a fim de separar o casal.
Ela foi. Morou dois anos
num kibutz, aprendeu hebraico e, por um ano, foi gerente de uma loja num hotel.
A estratégia não deu em
nada. Quando retornou ao
país, Dina voltou a namorar
Leopoldo, que, muito carismático, acabou aceito.
Casaram-se em 1964. O
marido, formado também em
direito pela USP, trabalhou a
vida toda como advogado.
Juntos, adoravam viajar.
Mesmo com três filhos, botavam a molecada no carro e
iam de São Paulo a Fortaleza.
Em casa, conta a filha Sabrina, a sintonia entre os dois
era tão grande que eles se comunicavam até por assobios.
Dina dedicou-se à família e
teve de superar intempéries.
Cuidou da mãe com câncer,
que aos 54 anos foi vencida
pela doença. Com a irmã, a
situação foi semelhante.
Em 1994, Leopoldo morreu de leucemia, aos 60 anos.
Em 2008, a filha Sabrina também teve câncer, e, ao lado
da mãe, conseguiu se curar.
Dina nunca reclamou da
vida. Mesmo viúva, manteve
o gosto pelas viagens e foi
com os filhos até Israel.
Na madrugada de terça-feira, morreu aos 73 anos,
também de leucemia. Teve
três filhos e duas netas.
coluna.obituario@uol.com.br
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