São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

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Loja vendia telas falsas de Aldemir Martins

Polícia apreendeu 16 falsificações, 15 em comércio na Riviera de São Lourenço e uma revendida por galeria nos Jardins

"São falsificações grosseiras", diz filho do pintor; obras eram vendidas por menos de um terço do valor real

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A Polícia Civil de São Paulo apreendeu 16 obras do pintor Aldemir Martins (1922-2006) que são falsas, segundo avaliação do filho do artista, Pedro Martins. São 11 quadros e cinco gravuras.
Quinze dos trabalhos estavam numa loja de decoração e casa de leilões na Riviera de São Lourenço, área de classe média alta em Bertioga, no litoral de São Paulo.
O outro foi revendido pela Valoart, uma galeria dos Jardins, de acordo com a polícia. Ontem, a polícia esteve na Valoart, mas não foi encontrada nenhuma tela suspeita de Aldemir Martins.
"São falsificações grosseiras", diz Pedro, do Ateliê Aldemir Martins, que fornece atestado de autenticidade para as obras do artista.
Martins ganhou fama nos anos 50 por suas obras de cunho regionalista mesclado com traços cubistas -o cangaceiro e os gatos se tornaram seus ícones.
A grosseria das imitações era tamanha que um motivo que Martins parou de pintar nos anos 80 (cangaceiro) aparece num quadro de 2000, de acordo com Pedro.

CHAMARIZ
O preço mais barato era o principal chamariz de vendas. Um quadro de 60 por 70 centímetros era vendido por R$ 10 mil, menos de um terço de seu preço real, de R$ 35 mil, ainda segundo Pedro.
"Comprar uma tela do meu pai por R$ 10 mil é a mesma coisa que acreditar que dá para adquirir uma Pajero zero por R$ 20 mil. É um negócio que não existe", diz.
A polícia encontrou o lote de obras em Bertioga depois que um empresário descobriu que três telas de Martins que havia comprado há três anos eram falsas -duas haviam sido adquiridas no litoral. Ele descobriu que comprara gato por lebre ao tentar vender os trabalhos.
O delegado José Roberto de Arruda, do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), diz que a atitude do dono da loja de decorações da Riviera, Antonio Carvalho, foi de colaboração -ele entregou as obras sem a necessidade de um mandado da Justiça.
Contou à polícia que as recebera em consignação, sem saber que eram falsas.
Ontem, o leiloeiro combinara que viria ao Deic explicar quem lhe entregara as obras, mas não apareceu.
A polícia só poderá pedir eventuais medidas contra ele depois que ficar provado que as obras são falsas, o que depende de um laudo reconhecido pela Justiça.
O autor das obras poderá responder pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos -o atestado de autenticidade das obras parece ser falso, de acordo com a avaliação inicial da polícia.


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