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Loja vendia telas falsas de Aldemir Martins
Polícia apreendeu 16 falsificações, 15 em comércio na Riviera de São Lourenço e uma revendida por galeria nos Jardins
"São falsificações grosseiras", diz filho do pintor; obras eram vendidas por menos de um terço do valor real
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A Polícia Civil de São Paulo apreendeu 16 obras do pintor Aldemir Martins (1922-2006) que são falsas, segundo avaliação do filho do artista, Pedro Martins. São 11 quadros e cinco gravuras.
Quinze dos trabalhos estavam numa loja de decoração
e casa de leilões na Riviera de
São Lourenço, área de classe
média alta em Bertioga, no litoral de São Paulo.
O outro foi revendido pela
Valoart, uma galeria dos Jardins, de acordo com a polícia. Ontem, a polícia esteve
na Valoart, mas não foi encontrada nenhuma tela suspeita de Aldemir Martins.
"São falsificações grosseiras", diz Pedro, do Ateliê Aldemir Martins, que fornece
atestado de autenticidade
para as obras do artista.
Martins ganhou fama nos
anos 50 por suas obras de cunho regionalista mesclado
com traços cubistas -o cangaceiro e os gatos se tornaram seus ícones.
A grosseria das imitações
era tamanha que um motivo
que Martins parou de pintar
nos anos 80 (cangaceiro)
aparece num quadro de
2000, de acordo com Pedro.
CHAMARIZ
O preço mais barato era o
principal chamariz de vendas. Um quadro de 60 por 70
centímetros era vendido por
R$ 10 mil, menos de um terço
de seu preço real, de R$ 35
mil, ainda segundo Pedro.
"Comprar uma tela do
meu pai por R$ 10 mil é a
mesma coisa que acreditar
que dá para adquirir uma Pajero zero por R$ 20 mil. É um
negócio que não existe", diz.
A polícia encontrou o lote
de obras em Bertioga depois
que um empresário descobriu que três telas de Martins
que havia comprado há três
anos eram falsas -duas haviam sido adquiridas no litoral. Ele descobriu que comprara gato por lebre ao tentar
vender os trabalhos.
O delegado José Roberto
de Arruda, do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), diz
que a atitude do dono da loja
de decorações da Riviera,
Antonio Carvalho, foi de colaboração -ele entregou as
obras sem a necessidade de
um mandado da Justiça.
Contou à polícia que as recebera em consignação, sem
saber que eram falsas.
Ontem, o leiloeiro combinara que viria ao Deic explicar quem lhe entregara as
obras, mas não apareceu.
A polícia só poderá pedir
eventuais medidas contra ele
depois que ficar provado que
as obras são falsas, o que depende de um laudo reconhecido pela Justiça.
O autor das obras poderá
responder pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos -o atestado de autenticidade das obras parece
ser falso, de acordo com a
avaliação inicial da polícia.
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