São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Estudantes deixam rastro de pichação e lixo

Paredes e o piso da reitoria da USP foram danificados; para especialista, penalização individual por depredação é difícil

Mascarados atacando carro da PM e usando bomba incendiária são retratados em desenho feito no prédio invadido

CRISTINA MORENO DE CASTRO
EDUARDO GERAQUE

DE SÃO PAULO

Lixo por todo canto -papéis, latinhas de cerveja, maços de cigarro-, cadeiras reviradas e o chão molhado. Esse foi o cenário visto pela Folha na reitoria dez minutos após os estudantes saírem.
O saguão, com os retratos dos últimos reitores, não aparentava nenhum dano. No corredor, dois colchonetes, cobertas, isqueiros e um carregador de celular. Dali para frente, a bagunça passou a ser maior a cada cômodo. No primeiro, três colchões, muitos cigarros, duas garrafas de vinho e uma de vodca.
No segundo, paredes riscadas com toda sorte de mensagens, das filosóficas ou poéticas às provocativas. "Fálico o bastante?", é a indagação ao lado de um pênis desenhado. Acima dele, uma caricatura do reitor João Grandino Rodas. "Comam brioches!", comanda o desenho de Maria Antonieta.
Poemas, cartazes, desenhos: tudo pintado (ou pichado) nas paredes, janelas e no chão. Até as bromélias do jardim foram pintadas de azul.
Em outro cômodo, um cooler, uma "farmácia" (com uma garrafa de conhaque entre seus remédios), um acampamento de colchões e tendas, equipamentos e móveis revirados nos quatro cantos. Em uma parede, uma imagem se destaca: um carro da Polícia Militar sendo derrubado por três mascarados, um deles com uma garrafa incandescente nas mãos.

COQUETÉIS MOLOTOV
A polícia afirma ter encontrado no local sete coquetéis molotov. Alunos, no entanto, afirmam que eles foram "plantados". A polícia não encontrou drogas com os invasores.
Os alunos disseram que parte das depredações ocorreu após a entrada da PM, que precisou arrombar portas. A Polícia Militar atribui todos os danos na reitoria da USP aos invasores.
Segundo Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, professor de direito constitucional, da PUC (Pontifícia Universidade Católica), o processo que culminou com a detenção dos estudantes é legal.
Ele afirma, no entanto, que dificilmente os invasores serão penalizados pela suspeita de dano ao patrimônio público porque esse crime só pode ser aplicado quando há a individualização do ato, ou seja, é preciso discriminar "quem fez exatamente o quê" na ocupação da reitoria.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Pais apoiam invasores e até brigam com polícia
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.