São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Roberto Scaringella retorna à empresa que fundou e já presidiu; outros 3 nomes foram anunciados ontem

Defensor de pedágio urbano assume a CET

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Defensor ferrenho da implantação de um sistema de pedágio urbano em São Paulo, Roberto Salvador Scaringella, 64, foi anunciado ontem pelo prefeito eleito José Serra (PSDB) como presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a partir de 2005.
Scaringella fundou a CET nos anos 70 e já presidiu a empresa duas vezes (1976-1982 e 1986-1987, quando acumulou a função de secretário dos Transportes de Jânio Quadros). É um especialista renomado e incentivador de idéias polêmicas -como a inspeção veicular e a aplicação da arrecadação de multas exclusivamente em trânsito, e não transporte.
O nome dele foi divulgado por Serra junto com os de outros três integrantes do futuro governo.
Ulrich Hoffmann, 64, será presidente da SPTrans (São Paulo Transporte), responsável pelos contratos com as empresas de ônibus e pelos corredores exclusivos. É ligado ao PPS, partido que ajudou a sustentar a candidatura Serra. Não é um técnico do setor, mas já trabalhou com logística.
O engenheiro Rogério Belda, 68, será gerente do GEM (Grupo Executivo da Mobilidade), criado pela gestão tucana com a função de propor idéias para aproximar a área de trânsito com a de transporte. Belda é hoje assessor do Metrô, vice-presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e membro do conselho de administração da SPTrans -que também tem representantes externos para fiscalizar as ações da empresa.
A ANTP é uma das entidades que defendem a implantação de medidas de restrição ao uso do carro, como os pedágios urbanos.
Serra também anunciou Sérgio Kobayashi, 48, para comandar sua assessoria de comunicação.
Os discursos e a equipe definida por Serra indicam que ele deve manter as prioridades da gestão Marta na SPTrans -com os corredores de ônibus- e fazer mudanças significativas na CET.
Scaringella integrou um grupo de notáveis convocado por Marta em 2002 para dar sugestões na área -que não foram adotadas.
Ele tem conhecimento detalhado da CET porque é membro do conselho fiscal, tendo sido eleito por funcionários. Seu primeiro obstáculo se refere ao Orçamento de 2005 aprovado na Câmara em primeira votação e que reduziu de R$ 195 milhões para R$ 145 milhões a verba da empresa.
Scaringella elaborou uma das primeiras propostas de pedágio urbano na capital paulista nos anos 90, antes da implantação do sistema em Londres, em 2003.
Sua idéia era cobrar, na época, uma tarifa de R$ 2 nos picos e R$ 0,50 nos entrepicos em algumas das principais vias do centro expandido. Ele já chegou a dizer que considera essa solução "dolorosa, mas inexorável". A fiscalização seria eletrônica, por tarjas magnéticas instaladas nos autos. Afirma ser possível reduzir em 25% a quantidade de veículos nas ruas.
O futuro presidente da CET não quis ontem dar entrevistas. Em sua apresentação, falou em "reinventar a CET com uma perspectiva de trânsito inteligente".
A proposta de pedágio urbano também havia sido colocada pelo Plano Diretor de Marta como uma das diretrizes a serem discutidas nos próximos anos. Mas a medida encontra barreiras entre tucanos, que fizeram duras críticas às taxas na campanha. O secretário dos Transportes de Serra, Frederico Bussinger, ao ser questionado sobre a idéia, disse que "isso até pode ser discutido, mas não está colocado na pauta hoje". "Temos uma série de outras medidas que vamos discutir antes."


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