São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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SOB SUSPEITA

Secretário de Alckmin não deu reforço policial para investigação

Promotor diz que Saulo negou apoio

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Promotores do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Repressão do Crime Organizado) do Vale do Paraíba acusam a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo de crime de desobediência a lei federal, ao se negar a cumprir um pedido de reforço policial para uma ação do grupo em agosto, em Taubaté (SP).
O descumprimento, que, segundo promotores, teria arriscado a investigação e a vida dos envolvidos, contou com a anuência do secretário, Saulo de Castro Abreu Filho. Formalmente o Gaerco enviou uma representação ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, pedindo "providências cabíveis" contra o secretário da Segurança do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Saulo disse não haver irregularidades no caso e afirmou que é ele quem manda na polícia paulista.
O caso ocorreu em 12 de agosto. O Gaerco se preparava para concluir apuração contra quatro policiais da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), de Taubaté, acusados de extorsão. No dia, seria feita a prisão de um advogado designado pelos policiais civis para receber R$ 8.000 da vítima, ameaçada pelos policias de prisão sob acusação de tráfico.
No início da noite, a prisão do advogado seria feita em seu escritório por quatro agentes especiais da PM, durante a entrega do dinheiro. Horas antes, porém, o advogado mudou o local do encontro. Suspeitando da presença dos policiais civis e do risco de confronto, os promotores pediram ao 5º Batalhão da PM de Taubaté um "reforço policial ostensivo". Pouco depois, a capitã Maria de Fátima Rezende informou ao Gaerco que, "por ordem superior", a PM não cumpriria a determinação.
Segundo um promotor, a vítima teve que negociar de novo com o advogado, que remarcou a entrega no escritório. O advogado foi preso em flagrante. Os policiais acusados conseguiram fugir -apresentaram-se cinco dias após à Corregedoria da Polícia.
O Gaerco enviou ofício ao batalhão, pedindo a identificação dos responsáveis pela negativa. Em 27 de outubro, foi apontado o coronel Fernando Pereira, chefe do Estado-Maior da PM paulista. Na resposta, constava que a decisão "teve a aprovação do doutor Saulo de Castro Abreu Filho".
A lei complementar 75, de 1993, descreve no artigo 8º que está entre as competências da Promotoria a de "requisitar força policial".


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