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SOB SUSPEITA
Para delegado, laudos e perícia provam que não houve confronto no episódio que resultou em 5 mortes em Niterói
Crianças morreram sem reagir, diz polícia
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Os quatro policiais militares que
atuaram na operação no morro
do Estado, Niterói (15 km do Rio),
no último sábado, responderão
na Justiça por cinco homicídios e
tentativa de homicídio.
Apesar de os PMs afirmarem
que trocaram tiros com traficantes, o resultado do inquérito policial nega o confronto. Na ação,
cinco pessoas morreram, entre
elas duas crianças, de 11 e 12 anos.
A prisão preventiva deles será
pedida hoje à Justiça. O inquérito
descarta o envolvimento de outros oito PMs que ficaram na parte baixa do morro. A prisão administrativa dos 12 acaba hoje.
Segundo o delegado Paulo Henrique Silva Pinto, o sargento Antônio Carlos Miranda, o cabo José
Francisco de Araújo Júnior e os
soldados Wanderson Soares Nunes e José Roberto Primo Domingues assassinaram duas crianças,
dois adolescentes, de 15 e 16, e um
jovem sem que houvesse reação.
"As contradições nos depoimentos dos policiais, o laudo da necropsia e, principalmente, a perícia e a reconstituição provam que
não houve confronto."
O laudo de necropsia mostra
que as vítimas foram assassinadas
com uma grande quantidade de
tiros, alguns pelas costas.
José Maicon dos Santos Fragoso, 16, tem um ferimento na mão
esquerda que, segundo o delegado, é considerado "lesão de defesa". Ele teria levado a mão ao rosto, numa reação natural de defesa.
O tiro atravessou a mão e furou o
olho. No total, levou sete tiros.
Luciano Rocha Tavares, 12, levou dois tiros pelas costas. Edmilson Santos da Conceição, 15, foi
atingido na barriga, na coxa esquerda e na perna direita. Wellington Lima, 11, levou um tiro na
cabeça, três no peito e um no braço. Wedson Conceição Silva, 24,
foi baleado na cabeça e no braço.
Já um jovem de 13 anos baleado
na perna segue internado. Antes
considerado suspeito, está agora
sob guarda e será incluído no programa de proteção à testemunha.
Em depoimento, o rapaz disse
que 3 dos 5 mortos faziam parte
do tráfico de drogas. Para o delegado, porém, o fato de fazerem ou
não parte do tráfico não justifica
os excessos dos policiais.
Ontem à tarde, policiais militares fizeram reunião com moradores do morro para apresentar a
idéia de construir ali um novo
grupamento. O local está sendo
escolhido, e uma equipe será treinada para atuar no morro.
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