São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Exames têm sido usados para amenizar preocupação dos pais"

JULLIANE SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O neurorradiologista Marcelo Valente, responsável pelo centro de diagnóstico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP, critica pedidos em exagero de exames para as crianças. Para ele, médico e família devem priorizar a consulta e usar os métodos de diagnóstico como complemento -quando necessários.

FOLHA - Quando passou a perceber excessos nos pedidos de exame?
MARCELO VALENTE
- Para nossa observação, pedimos que os médicos do Instituto da Criança fizessem uma consulta minuciosa, mas sem pedir exames, e as famílias saíram desconfiadas. Percebo que os exames têm sido usados para amenizar a preocupação dos pais.

FOLHA - A consulta médica é suficiente para um diagnóstico correto?
VALENTE
- Todos os casos podem ser analisados com avaliação clínica, a princípio. Um exemplo é a convulsão febril, uma condição chocante que preocupa os pais, mas que tem diagnóstico exclusivamente clínico, pois é uma resposta à febre. Pacientes que sofrem batidas na cabeça, a princípio, também não precisam fazer exames. O médico examina o crânio com apalpação e mantém a criança em observação. Exames, só em caso de alteração de comportamento.

FOLHA - Qual é a importância do vínculo médico-paciente?
VALENTE
- Uma relação confiante contribui para o melhor tratamento. Quando a consulta é feita às pressas, propicia exames desnecessários e traz diagnósticos que não são benéficos.

FOLHA - Como saber se o exame pedido pelo médico é pertinente?
VALENTE
- O profissional bem informado consegue, muitas vezes, antever o que virá no exame. O mau profissional deixa transparecer que não tem idéia do que o paciente tem e pede vários exames, muitas vezes sem explicação ou sem foco. Pode-se fazer um excelente exame técnico, mas sem atenção à queixa do paciente.

FOLHA - O exame faz falta para comparar as condições antigas do paciente com a atual?
VALENTE
- Não. O histórico da criança pode responder às principais dúvidas, não é preciso fazer exames por causa dessa preocupação.

Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Mais Saudável
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.