São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Psicólogos estudam efeitos do trânsito

Especialistas discutem, em congresso em Curitiba, alguns comportamentos de quem enfrenta horas atrás do volante

1º Congresso Ibero-Americano de Psicologia do Trânsito debate 50 novos estudos, mas solução de problemas ainda está longe

MARIANNE PIEMONTE
DA REVISTA DA FOLHA

Transformação urbana ou ironia léxica, o fato é que, em São Paulo, com sua frota de 6 milhões de veículos e direito a 500 novos carros despejados diariamente nas ruas, o vocábulo trânsito não se define mais por movimento.
"O condutor vira uma espécie de bomba ambulante. Ao ficar nervoso ou ansioso, há uma descarga de adrenalina que causa aumento dos batimentos cardíacos, mudança na freqüência respiratória e problemas na digestão", diz a psicóloga e membro da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego Raquel Almqvist.
OK, isso qualquer um que atravessou uma marginal já sentiu. Mas os efeitos da vida congestionada têm despertado interesse crescente dos profissionais de saúde mental.
Há duas semanas, Curitiba sediou o 1º Congresso Ibero-Americano de Psicologia do Trânsito. Só nesse encontro foram apresentados 50 novos trabalhos científicos, segundo a presidente do evento e psicóloga Alessandra Bianchi, 38.
Os objetos de estudo vão de temas básicos -como velocidade, infrações e acidentes- a teses como Ilusões no Trânsito, sobre falsas percepções do motorista (o que nos leva a fazer uma ultrapassagem perigosa, por exemplo); a problemática de jovens que não têm medo de correr riscos, discutida em Desmistificando o Herói; ou Subjetividade e Trânsito, que debateu a falta de percepção de que o tráfego é também espaço público. "As pessoas agem como se o carro fosse uma extensão de suas casas", diz Alessandra.
Para lembrar que essa intimidade com o veículo não é inata, a reportagem convidou seis fotógrafos para clicar esquetes que exageram a realidade. As tintas carregadas desenham carros como prolongamento da vida.
Apesar da discussão, o fato é que esses estudos ainda não produziram métodos capazes de sanar as dores de quem precisa se deslocar em SP, seja a pé ou na clausura do carro.
Nesta época do ano -quando a frota circulante, de 3,5 milhões veículos, ganha reforço de ônibus e carros de todas as partes do Brasil para compras e passeios natalinos- a CET estima que sejam feitos 15 milhões de deslocamentos motorizados por dia. Para os peregrinos viários, a reportagem garimpou dicas para amenizar o calvário de permanecer horas enlatado sobre rodas.


Colaborou ADRIANA KÜCHLER


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