São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Quem perde vínculo prefere ficar nos EUA

DE NOVA YORK

Certeza ele não tem não. O mineiro de Governador Valadares Paulo de Souza, 59, não esboça nem um sorriso quando fala sobre os 23 anos que viveu em Newark: "Acho que valeu a pena". Ele entrou ilegalmente nos EUA mas conseguiu tornar-se cidadão americano depois da anistia concedida por George Bush pai em 1986.
Todos os dias vai até a cooperativa de empregados da construção civil da qual faz parte em busca de serviço. Há dias, não obtém nada. "As empresas até que ainda estão contratando obras, mas os clientes residenciais estão evitando qualquer tipo de dispêndio".
Com a vida toda construída na "América", ele é dos que não enxergam possibilidade de regressar. "Talvez lá [no Brasil] eu pudesse me aposentar mais cedo, porém agora já não há meios. Vou ficando." Ele conta que já presenciou outras crises, por isso não teme passar apuros. "Dizem que mineiro é pão duro, mas na verdade nós somos precavidos." Para ele, a vida no país é triste. "Minha mulher diz que morremos um pouco a cada dia. Não possuímos amigos, e a família no Brasil ficou distante demais."
Dona de um salão de cabeleireiros, Tonia Zarro, 50, entrou no país em 1983, separou do pai de seu filho mais velho e depois casou-se com um americano, com quem tem um menino de cinco anos. "Amo os EUA, aqui é minha casa agora. É uma terra rica, onde se colhe os frutos do seu suor", comenta, minoria entre os brasileiros. Diz-se em Newark que, se os imigrantes pudessem, chegariam no país pela manhã, encheriam uma mala de dinheiro e pegariam o último vôo noturno para retornar.


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