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Quem perde vínculo prefere ficar nos EUA
DE NOVA YORK
Certeza ele não tem não.
O mineiro de Governador
Valadares Paulo de Souza,
59, não esboça nem um
sorriso quando fala sobre
os 23 anos que viveu em
Newark: "Acho que valeu a
pena". Ele entrou ilegalmente nos EUA mas conseguiu tornar-se cidadão
americano depois da anistia concedida por George
Bush pai em 1986.
Todos os dias vai até a
cooperativa de empregados da construção civil da
qual faz parte em busca de
serviço. Há dias, não obtém nada. "As empresas
até que ainda estão contratando obras, mas os
clientes residenciais estão
evitando qualquer tipo de
dispêndio".
Com a vida toda construída na "América", ele é
dos que não enxergam
possibilidade de regressar.
"Talvez lá [no Brasil] eu
pudesse me aposentar
mais cedo, porém agora já
não há meios. Vou ficando." Ele conta que já presenciou outras crises, por
isso não teme passar apuros. "Dizem que mineiro é
pão duro, mas na verdade
nós somos precavidos."
Para ele, a vida no país é
triste. "Minha mulher diz
que morremos um pouco a
cada dia. Não possuímos
amigos, e a família no Brasil ficou distante demais."
Dona de um salão de cabeleireiros, Tonia Zarro,
50, entrou no país em
1983, separou do pai de
seu filho mais velho e depois casou-se com um
americano, com quem tem
um menino de cinco anos.
"Amo os EUA, aqui é minha casa agora. É uma terra rica, onde se colhe os
frutos do seu suor", comenta, minoria entre os
brasileiros. Diz-se em Newark que, se os imigrantes
pudessem, chegariam no
país pela manhã, encheriam uma mala de dinheiro e pegariam o último vôo
noturno para retornar.
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