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Polícia vai refazer apuração sobre assassinatos em série
Para familiares das vítimas, investigação policial é "limitada" e tem graves falhas
Serra, que estará hoje em Carapicuíba para inaugurar obra, pediu informações à polícia sobre as 13 mortes ocorridas em parque
Diego Padgurschi/Folha Imagem
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Parque dos Paturis, em Carapicuíba, onde os corpos das 13 vítimas foram achados; mortes ocorrem no local desde julho de 2007
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil vai refazer as
investigações sobre os 13 assassinatos ocorridos no parque
dos Paturis, em Carapicuíba,
perto de Alphaville (Grande
São Paulo). Policiais atribuem
os crimes a um matador em série chamado de "maníaco do arco-íris" -alusão à bandeira colorida da comunidade LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais).
Os crimes ocorreram entre
julho de 2007 e agosto deste
ano, sempre à noite, e numa
área freqüentada por homossexuais. Dos 13 mortos, 11 levaram tiros na cabeça; dos outros
dois, um foi baleado nas costas
e um foi morto com pauladas
na cabeça. Nada foi roubado.
Ontem, após a Folha revelar
os crimes, o governador José
Serra (PSDB) pediu um relatório sobre o caso. Ele irá hoje à
cidade para uma inauguração.
Além de transferir as investigações para a Delegacia Seccional de Carapicuíba, o chefe da
Polícia Civil na região, Paulo
Fernando Fortunato, 66, também determinou que outros 15
policiais entrem no caso.
Foi o delegado Fortunato
quem detectou a ligação entre
as mortes, em 29 de agosto deste ano, quando chegou a Carapicuíba. Até então, as mortes
eram tratadas como "homicídios simples", sem trabalho de
inteligência policial para cruzar informações dos crimes.
"O caso, agora, ultrapassou
os limites daquele crime comum, praticado de forma isolada. Estamos lidando com um
camarada que mata homossexuais, exclusivamente", disse
Fortunato. "Na cabeça dele, ele
está fazendo uma limpeza. Ele
não gosta, odeia homossexual.
Quem é ele? Não sabemos."
Até agora, a Polícia Civil não
fez exames para determinar se
os projéteis retirados dos corpos das vítimas foram disparados por uma única arma.
O delegado admitiu a demora da polícia para perceber a ligação entre os 13 crimes. "Os
casos serão reinvestigados. Se
bem que a investigação que foi
conduzida até agora, embora
eventualmente possa ter havido alguma falha, não teve má
vontade da polícia", afirmou.
Antes, só cinco policiais do
3º DP da cidade, vizinho ao
parque e que atende a uma população superior a 100 mil pessoas, cuidavam das mortes.
Agora, todas as pessoas já interrogadas sobre os 13 homicídios serão ouvidas de novo. Em
média, cada investigação teve
dez depoimentos, mas nenhum
trouxe pistas sobre os casos.
Os familiares das vítimas não
acreditam que o autor dos crimes seja identificado. "Até hoje, não veio um investigador na
minha casa para saber detalhes
sobre a vida do meu marido.
Nem nos chamaram a depor.
Fica até a impressão de que
eles não querem solucionar nada", diz Solange Vieira Damasceno de Oliveira, 44, viúva de
Miguel Gonçalves de Oliveira
Filho, 47, morto a tiros no Paturis em 2 de agosto deste ano.
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