São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2001 |
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RECIFE Funcionária do governo federal, Luzia, mulher de João Paulo, vai receber mais R$ 944,80 por mês da prefeitura Prefeito do PT dá emprego para a mulher FÁBIO GUIBU DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE O prefeito de Recife, João Paulo (PT), nomeou sua mulher, Luzia Jeanne de Oliveira e Silva, para o cargo de assessora técnica especial no gabinete da Secretaria Municipal da Saúde. A nomeação foi publicada pelo "Diário Oficial" recifense no sábado e é retroativa a 1º de janeiro, dia da posse do prefeito. A remuneração é de R$ 1.511, mas Luzia vai receber R$ 944,80 por mês porque a legislação reduz a gratificação do servidor que acumula cargos públicos. A mulher do prefeito é funcionária federal concursada há 17 anos. Como auxiliar e técnica de enfermagem, a primeira dama já recebe cerca de R$ 1.600 do governo federal. Ela é funcionária do Instituto Inamps, ligado ao Ministério da Saúde. Agora, vai ganhar cerca de R$ 2.500 mensais. Credenciada Ela disse que não considera sua nomeação um ato de nepotismo. "Antes de ser primeira-dama, sou uma profissional credenciada." "Não estamos fazendo arrumadinho", declarou. "Não fui convidada para o cargo por ser mulher do prefeito, mas por ter experiência", afirmou. O prefeito, que fez da luta pela moralidade administrativa uma das bandeiras de sua campanha eleitoral, não quis falar ontem sobre a nomeação. Cedida pelo Ministério da Saúde ao governo do Estado, a primeira-dama de Recife trabalhou em 1995 e 1996 na administração de Miguel Arraes (PSB). Na época, coordenava os programas de Saúde da Família e de Agentes Comunitários em 14 municípios da região de Arcoverde, no sertão pernambucano. Pelo trabalho, não recebia nada além de seu salário de servidora federal. Nos dois anos seguintes, atuou a serviço da Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho (região metropolitana de Recife). Com a posse do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), Luzia voltou a coordenar o Programa de Saúde da Família em Arcoverde, novamente sem receber nada do Estado a mais por isso. A mulher do prefeito diz que não vê problemas éticos em ser nomeada pelo marido para um cargo remunerado na prefeitura e descartou a possibilidade de abrir mão do salário. "Qualquer assessor tem uma gratificação." À vontade Luzia disse que está "muito à vontade" no cargo e que só consideraria antiético receber pelo trabalho que realiza na LAR (Legião Assistencial do Recife), órgão tradicionalmente presidido pela primeira-dama do município. Segundo ela, até a sua posse os diretores da LAR eram remunerados por intermédio da Coordenadoria da Criança e do Adolescentes, órgão que na atual gestão passou a ser vinculado à Secretaria das Políticas Sociais. Essa mudança, porém, criou um problema interno na LAR: as pessoas que trabalham em tempo integral na entidade ficaram sem salários. "Estamos estudando um meio jurídico para resolver a questão", afirmou Luzia. Para o vereador da oposição Jorge Chacrinha (PMDB), o ato do prefeito foi a solução encontrada para compensar essa perda. "Mas isso vai de encontro ao discurso do PT em campanha", afirmou. "Ele prometeu emprego aos carentes, mas só gerou trabalho para a mulher." "Quando o recesso parlamentar acabar, vamos cobrar a falta de palavra dele", disse o vereador. José Dirceu O presidente nacional do PT, José Dirceu, afirmou que não vê "qualquer problema" na nomeação de Luzia. "Ela foi requisitada pela Secretaria da Saúde e, se tem direito a receber um salário, por que abriria mão?" Dirceu disse que o seu partido não considera a atitude antiética. O antecessor de João Paulo, Roberto Magalhães (PFL), não quis comentar o caso ontem. Texto Anterior: Cigarro: Serra assina hoje portaria que limita teor de nicotina e alcatrão Próximo Texto: Justiça: Procuradoria pede afastamento de dois prefeitos reeleitos no Piauí Índice |
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