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ACIDENTE
Duas unidades do metrô de Belo Horizonte bateram de frente em estação onde há só uma linha; CBTU vê falha humana
Choque de trens deixa 77 feridos em MG
Cesar Tropia/"O Tempo"
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Funcionários ao lado dos dois trens que se chocaram em Belo Horizonte |
LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
Um choque frontal entre dois
trens do metrô de Belo Horizonte,
na manhã de ontem, provocou ferimentos em 77 pessoas. Todos
foram liberados depois de atendidos. Foi o maior acidente da história do metrô na cidade.
A colisão aconteceu por volta
das 8h40, na estação 1º de Maio,
no bairro de mesmo nome (zona
norte). O trecho funciona de forma parcial desde que foi inaugurado, em fevereiro de 2002.
Na estação, há apenas uma linha em operação, já que a segunda não foi concluída. Por ela, alternadamente, passam trens em
ambos sentidos. Não há sinalização eletrônica. No lugar disso,
dois postos controlam o tráfego.
Por um motivo que ainda não
foi esclarecido, o trem de número
7 não esperou que outro -o de
número 12, que ia em direção ao
centro da cidade-, saísse do trajeto e seguiu caminho até chocar-se contra ele.
O Centro de Controle Operacional da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) só conseguiu alertar os maquinistas quando nada mais poderia ser feito.
Ambos saltaram de suas máquinas antes do choque.
No momento do impacto, o
trem 7 rodava a aproximadamente 40 km/h. O outro estava acelerando, após ter ficado parado para embarque e desembarque de
passageiros. Mais de 400 pessoas
estavam dentro dos vagões.
Cerca de 20 minutos depois do
choque, 30 carros da Polícia Militar e sete do Corpo de Bombeiros
já estavam no local. Os feridos foram removidos para hospitais
próximos e da região central da
capital mineira. No início da noite
de ontem, nenhum ferido continuava hospitalizado.
Emergência
No Pronto-Socorro de Venda
Nova, região metropolitana de
Belo Horizonte, foram atendidas
50 pessoas. O movimento durante
a manhã foi tão intenso que médicos que estavam de folga foram
chamados para atender. Profissionais que atuam em outros hospitais também prestaram auxílio.
O prefeito de Belo Horizonte,
Fernando Pimentel (PT), visitou o
local no fim da manhã e disponibilizou médicos da prefeitura para socorrer os acidentados.
O hospital João 23 atendeu os
casos mais graves, que envolviam
fraturas e traumatismos.
Um dos atendidos no local foi o
maquinista do trem 12, Jackson
Pereira Lopes, 20. Ele teria se chocado contra a plataforma quando
saltou do metrô. O maquinista teve traumatismo craniano e fraturou a mandíbula. O condutor do
outro trem, Wilber Magno de Oliveira, 27, escapou ileso.
Entre os passageiros, estava
Leonardo Souza, 19, que acabou
se ferindo nos braços e também
foi levado ao hospital. "Na hora,
tomei um susto muito grande.
Havia pessoas desesperadas. Não
dá para você ver direito o que está
acontecendo, porque é tudo muito rápido", disse o rapaz, que,
apesar de machucado, estava
preocupado porque não tinha
conseguido avisar seu patrão,
"em uma loja de ferragens", sobre
o motivo da ausência ao trabalho.
Hipóteses
A CBTU, responsável pela operação dos trens, informou, por
nota, que há indícios de falha humana. Uma das hipóteses é que
um dos operadores poderia não
ter alertado os maquinistas sobre
a possibilidade do choque. Pela
outra versão do órgão, o maquinista Oliveira poderia ter desobedecido a orientação de esperar até
que a linha estivesse desocupada.
O sindicato dos metroviários
afirma que o acidente aconteceu
por falta de sinalização eletrônica
no trecho. Tal recurso permitiria
que os trens fossem parados por
meio de computador, assim que
fosse detectado o risco de batida.
A CBTU informou que abriu
uma comissão para apurar as causas do acidente. O órgão deverá
emitir laudo sobre o caso em 15
dias. O Instituto de Criminalística
esteve no local para fazer perícia.
O choque causou a interdição
da estação 1º de Maio e de quatro
outras. A expectativa é que elas estivessem liberadas ainda na manhã de hoje. O metrô mineiro
opera na superfície.
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