|
Próximo Texto | Índice
CRISE DE IDENTIDADE
Desde outubro, serviço não é realizado na cidade, mas empresa continua a lucrar com propaganda
Sem contrato, SP não repõe placas de rua
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo está sem
os serviços de instalação e reposição de placas com os nomes das
ruas desde outubro de 2005. Mais
de mil eram colocadas por mês
em muros e postes de energia.
A interrupção do trabalho ocorreu devido ao término do contrato da prefeitura com a iniciativa
privada -que não foi postergado
nem substituído até hoje pela administração José Serra (PSDB).
Mesmo assim, a empresa Plamarc, que era responsável pela
atividade havia quase 30 anos, por
meio de sucessivos aditamentos
contratuais, manteve a exploração da publicidade nos mais de 35
mil postinhos metálicos existentes nas esquinas da capital paulista, arrecadando aproximadamente R$ 1,5 milhão por mês.
O contrato da prefeitura com a
Plamarc estabelecia a obrigatoriedade de ela fornecer e instalar as
mil placas por mês para, em troca,
fazer a exploração comercial nos
postinhos metálicos -devendo
mantê-los e transferir aos cofres
públicos 10% do que ela declarava
arrecadar com a propaganda.
Nos últimos cem dias, ela parou
de fornecer e de instalar as placas
avulsas em muros e postes de
energia. Mas a publicidade segue
exposta nas principais ruas de São
Paulo. A diferença é que, além de
não haver autorização, a prefeitura não vem recebendo nada por
isso. O repasse -próximo de R$
150 mil por mês- ao município
foi suspenso, até mesmo porque
não há mais contrato em vigor.
"Ninguém está autorizado hoje
a explorar essa publicidade. Está
absolutamente irregular", afirma
Regina Monteiro, diretora da
Emurb (Empresa Municipal de
Urbanização), responsável pela
contratação desses serviços.
Ela diz que vai estudar nesta semana, junto com a Secretaria das
Subprefeituras, a possibilidade de
aplicar multas pela propaganda.
A Folha apurou que, mesmo
sem contrato, a Plamarc não só
manteve e continuou recebendo
pela publicidade existente como
chegou inclusive a fazer ao menos
um novo acerto. Ele foi assinado
há um mês, pelo prazo de um ano,
com uma empresa de construção,
para a exposição de propaganda
nos postinhos metálicos.
O secretário municipal da Habitação, Orlando de Almeida Filho,
reconhece a precariedade da sinalização dos endereços da cidade
de São Paulo. Diz haver a necessidade de 500 mil placas para os 70
mil logradouros públicos da capital paulista. Mas existem só 300
mil. A quantidade de novas solicitações sem atendimento há mais
de três meses passa de 3.000.
Por enquanto, ele orienta os
paulistanos a improvisar para localizar as vias. "Se faltar a placa
em uma esquina, é possível que
haja na esquina seguinte. E quem
tem boca vai a Roma", afirma.
Licitação
A interrupção dos serviços de
placas nas ruas -que não abrangem as de sinalização do trânsito- ocorreu após a Emurb anular um processo de licitação no segundo semestre de 2005.
A tentativa de barrar a concorrência pública foi feita pela própria Plamarc, que entrou com representação no TCM (Tribunal de
Contas do Município) alegando,
entre outras coisas, a inexistência
de um ato prévio justificando a
conveniência da concessão.
O TCM avalizou a existência de
falhas, e a Emurb -para surpresa
de uma série de técnicos da própria empresa- decidiu anular a
licitação, com base nos argumentos do tribunal, em vez de fazer
somente mudanças no edital.
Regina Monteiro afirma que assumiu a responsabilidade pela
contratação em setembro e, por
uma resolução da diretoria, decidiu não fazer novo aditamento.
"Não tem sentido ficar refém de
um contrato precário. Vale a pena
esperar uma licitação", afirma.
De acordo com a diretora, a nova concorrência pública para a
concessão do serviço será lançada
nas próximas semanas.
A Emurb ainda tentou repassar
as atribuições de colocação das
placas às subprefeituras. "Eu não
poderia pedir aos subprefeitos
que se dedicassem a mais essa tarefa neste momento. Mas estamos
dispostos a ajudar", diz Walter
Feldman, secretário responsável
por esse setor municipal, em referência à época de enchentes.
Próximo Texto: Frases Índice
|