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Serra do Mar tem 10 mil moradias em risco
Pelo menos a metade desta população ocupa terrenos irregularmente e fica exposta à ocorrência de deslizamentos
Entre as edificações já
legalizadas pelas prefeituras
locais, por volta de 30% das
10 mil casas não são de
famílias de baixa renda
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os habitantes de pelo menos
10 mil moradias, têm motivos
de sobra para se preocupar por
causa das chuvas que vão continuar fortes neste mês.
Todo este contingente, mostra levantamento da Folha, vive em áreas de risco na serra no
Mar, entre a Baixada Santista e
o litoral norte paulista.
Pelo menos metade desrespeita algum tipo de legislação e
está em situação irregular.
Entre as edificações legalizadas pelas prefeituras locais, por
volta de 30% das 10 mil casas
não são de baixa renda.
Basta olhar para os morros
de São Vicente ou de Ilhabela,
por exemplo. Nenhuma cidade
da região está recebendo recursos federais para conter riscos.
Só 15 cidades, em todo o Brasil,
têm ações em curso, diz o Ministério das Cidades.
"Nós estimamos que apenas
10% dos municípios têm uma
carta geotécnica detalhada",
diz o geólogo Cássio Roberto.
O documento, diz o especialista, é básico para a ordenação
da ocupação dos morros. Ele
indica, do ponto de vista geológico, onde é possível ocupar.
Mesmo sem ele, muitas cidades, baseadas em seus planos
diretores, permitem que encostas com uma inclinação superior a 16 graus sejam usadas.
"Aqui essa permissão existe.
Neste caso, o responsável pela
construção precisa documentar a segurança da obra", afirma Kátia Kornnetoff, secretária de Obras de Ilhabela.
A ilha oceânica tem 350 moradias sob risco, em encostas. A
prefeitura admite que 10% são
casas de alto padrão.
No continente, mais precisamente em Cubatão, existe a irregularidade histórica dos chamados bairros cotas. Há décadas, 30 mil pessoas vivem dentro do parque da serra do Mar.
Diz o coronel Elizeu Borges,
assessor do governador José
Serra (PSDB), que 800 famílias
serão retiradas em fevereiro.
No local, onde em 1988 um deslizamento matou dez pessoas,
3.600 famílias vivem sob risco.
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