São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

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LUIZ DE OLIVEIRA DIAS (1918-2011)

O garimpeiro de livros da Ornabi

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Ao longo de 62 anos, o português Luiz de Oliveira Dias trabalhou como garimpeiro no centro de SP. Mas em vez de procurar pedras preciosas, fuçava prateleiras atrás de livros para os clientes.
A imagem de garimpeiro era o próprio Luiz que gostava de usar. Ele foi dono da Ornabi, livraria que existiu até 2007 na Benjamim Constant.
Por volta dos 19 anos, ele saiu de Alburitel, em Portugal, por ordem do pai, que tinha medo que o filho fosse convocado para a guerra.
Em SP, Luiz procurou um amigo da família, dono de uma livraria chamada Lusitana. Lá, conseguiu serviço.
Logo no primeiro dia, conheceu uma moça chamada Celeste, mesmo nome da namorada que deixara para trás. Ao contar a coincidência para ela, ouviu: "O que eu tenho com isso?". Dois anos depois, reencontraram-se e começaram o namoro.
Em 1945, Luiz montou a própria livraria, a Ypiranga. No prédio Casa das Arcadas, o negócio chegou a ocupar 12 lojas e ter mais de 300 mil títulos. Luiz tinha uma memória boa para guardar nomes de obras e autores.
Há quatro anos, ele liquidou os 15 mil livros que restavam e fechou o local. A história da livraria Ornabi virou filme, dirigido por Camilo Cassoli. O curta foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de SP no ano passado.
Ele sofria de hipertensão. Recentemente, visitou a irmã em Portugal, levando toda a família consigo. Viúvo desde 1974, morreu na terça, aos 92 anos, dormindo. Deixa filha e três netos. A missa do sétimo dia será amanhã, às 18h, na capela da PUC (rua Monte Alegre, 948, São Paulo).

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