São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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NARCOTRÁFICO
Local, que já havia sido destruído em 99, era usado por peruanos e colombianos para transportar cocaína
PF destrói pista usada por traficantes

EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha, em Tabatinga

A Polícia Federal voltou a destruir na manhã de ontem, na região conhecida como Vale do Javari (AM), uma pista de pouso clandestina usada por traficantes peruanos e colombianos para o escoamento de pasta de cocaína.
A manobra foi acompanhada pelo ministro da Justiça, José Carlos Dias. Foram usados 650 quilos de explosivos para destruir os 830 metros de pista. Os custos da operação não foram divulgados.
Organizado em janeiro e batizado de Operação 21, o projeto, conjunto entre a PF brasileira e a Polícia Nacional do Peru, tem por objetivo desmantelar as bases de atuação e apoio, tanto no Brasil como no Peru, da organização criminosa peruana conhecida como Cachique Rivera.

Mais uma vez
Um ano e meio depois, os agentes da Polícia Federal explodiram pela segunda vez a mesma pista, que recebeu o nome de Fofoca, localizada em um ponto de difícil acesso, próximo ao igarapé Todos os Santos, afluente do rio Curuçá, no Amazonas (a 100 km do Peru, a 280 km da Colômbia e a 1.100 km de Manaus).
Em agosto de 99, a PF descobriu que ela havia sido reconstruída exatamente no mesmo lugar. Acampamentos haviam sido erguidos nas proximidades para estocar comida e combustível.
Nos últimos quatro anos de atuação da PF na região, cinco pistas clandestinas foram destruídas (incluindo a Fofoca). Sérgio Lúcio Fontes, chefe da Delegacia de Entorpecentes do Amazonas, afirmou que a pista conhecida como Bom Jesus, próxima à localidade de Palmeiras do Javari, já foi reconstruída por cinco vezes.
"É uma guerra", disse o ministro Dias, ao ser questionado sobre a ousadia de traficantes ao reconstruírem pistas clandestinas na floresta amazônica.
"Nós precisamos manter um entendimento com o governo de forma a contarmos com o apoio logístico e estratégico das Forças Armadas para combater o narcotráfico", afirmou o ministro. O encarregado da Unidade de Projetos Especiais da PF, Mauro Sposito, não soube estimar quantas bases de apoio a traficantes há no Vale do Javari, uma área de 8,5 milhões de hectares a oeste de Manaus, que abriga diversas tribos e etnias indígenas, na divisa com o Peru e com a Colômbia.
Ele disse que uma razão que leva os traficantes a escolher a região como rota é o fato de o espaço aéreo do Peru e o da Colômbia serem controlados pelos EUA.

Atuação conjunta
A Operação 21 conta com 60 policiais (40 brasileiros e 20 peruanos) e colaboração da Funai, Incra e Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Uma base fixa, localizada na confluência dos rios Javari e Curuçá (na divisa entres os dois países), faz o controle do fluxo das embarcações que passam por ali.
Dois barcos e uma balsa farão a patrulha do rio Javari, seus afluentes e confluentes à procura de pistas de pouso clandestinas e acampamentos.
O diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho, disse que o governo brasileiro pretende fechar um acordo de investimento no valor de US$ 400 milhões com o governo francês para que a PF seja reequipada e reestruturada.
Os próximos passos dos agentes que integram a Operação 21 será interceptar e apreender um carregamento de 4 toneladas de pasta de cocaína.
Segundo informações da Polícia Federal, a droga está sendo transportada dentro de 5.000 toras de madeira, extraídas do lado brasileiro, pelo rio Javari.



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