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NARCOTRÁFICO
Local, que já havia sido destruído em 99, era usado por peruanos e colombianos para transportar cocaína
PF destrói pista usada por traficantes
EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha, em Tabatinga
A Polícia Federal voltou a destruir na manhã de ontem, na região conhecida como Vale do Javari (AM), uma pista de pouso
clandestina usada por traficantes
peruanos e colombianos para o
escoamento de pasta de cocaína.
A manobra foi acompanhada
pelo ministro da Justiça, José Carlos Dias. Foram usados 650 quilos
de explosivos para destruir os 830
metros de pista. Os custos da operação não foram divulgados.
Organizado em janeiro e batizado de Operação 21, o projeto, conjunto entre a PF brasileira e a Polícia Nacional do Peru, tem por objetivo desmantelar as bases de
atuação e apoio, tanto no Brasil
como no Peru, da organização
criminosa peruana conhecida como Cachique Rivera.
Mais uma vez
Um ano e meio depois, os agentes da Polícia Federal explodiram
pela segunda vez a mesma pista,
que recebeu o nome de Fofoca, localizada em um ponto de difícil
acesso, próximo ao igarapé Todos
os Santos, afluente do rio Curuçá,
no Amazonas (a 100 km do Peru,
a 280 km da Colômbia e a 1.100
km de Manaus).
Em agosto de 99, a PF descobriu
que ela havia sido reconstruída
exatamente no mesmo lugar.
Acampamentos haviam sido erguidos nas proximidades para estocar comida e combustível.
Nos últimos quatro anos de
atuação da PF na região, cinco
pistas clandestinas foram destruídas (incluindo a Fofoca). Sérgio
Lúcio Fontes, chefe da Delegacia
de Entorpecentes do Amazonas,
afirmou que a pista conhecida como Bom Jesus, próxima à localidade de Palmeiras do Javari, já foi
reconstruída por cinco vezes.
"É uma guerra", disse o ministro Dias, ao ser questionado sobre
a ousadia de traficantes ao reconstruírem pistas clandestinas
na floresta amazônica.
"Nós precisamos manter um
entendimento com o governo de
forma a contarmos com o apoio
logístico e estratégico das Forças
Armadas para combater o narcotráfico", afirmou o ministro. O
encarregado da Unidade de Projetos Especiais da PF, Mauro Sposito, não soube estimar quantas
bases de apoio a traficantes há no
Vale do Javari, uma área de 8,5
milhões de hectares a oeste de
Manaus, que abriga diversas tribos e etnias indígenas, na divisa
com o Peru e com a Colômbia.
Ele disse que uma razão que leva os traficantes a escolher a região como rota é o fato de o espaço aéreo do Peru e o da Colômbia
serem controlados pelos EUA.
Atuação conjunta
A Operação 21 conta com 60
policiais (40 brasileiros e 20 peruanos) e colaboração da Funai,
Incra e Abin (Agência Brasileira
de Inteligência).
Uma base fixa, localizada na
confluência dos rios Javari e Curuçá (na divisa entres os dois países), faz o controle do fluxo das
embarcações que passam por ali.
Dois barcos e uma balsa farão a
patrulha do rio Javari, seus
afluentes e confluentes à procura
de pistas de pouso clandestinas e
acampamentos.
O diretor-geral da PF, Agílio
Monteiro Filho, disse que o governo brasileiro pretende fechar
um acordo de investimento no
valor de US$ 400 milhões com o
governo francês para que a PF seja reequipada e reestruturada.
Os próximos passos dos agentes que integram a Operação 21
será interceptar e apreender um
carregamento de 4 toneladas de
pasta de cocaína.
Segundo informações da Polícia Federal, a droga está sendo
transportada dentro de 5.000 toras de madeira, extraídas do lado
brasileiro, pelo rio Javari.
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