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Laudo da cratera do metrô só sai em agosto
É o prazo estimado pelos 3 órgãos que investigam causas de acidente na estação Pinheiros, mas data pode ser prorrogada
Área ainda não foi avaliada porque as empreiteiras não estabilizaram solo; tragédia com sete mortos completa um mês nesta segunda-feira
KLEBER TOMAZ
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os laudos sobre as causas do
pior acidente registrado nas
obras do metrô de São Paulo só
serão concluídos, na melhor
das hipóteses, no fim de agosto.
Esse prazo, confirmado à Folha pelos três órgãos que investigam a abertura da cratera na
estação Pinheiros da linha 4,
pode ser protelado ainda mais.
Isso porque até agora nenhum perito do IPT (Instituto
de Pesquisas Tecnológicas), IC
(Instituto de Criminalística) e
Ministério Público foi autorizado pelo consórcio Via Amarela a descer no buraco.
O acidente, que matou sete
pessoas soterradas e desabrigou 55 famílias, completará um
mês na segunda-feira.
O consórcio confirmou não
ter concluído as obras de estabilização do terreno e, por isso,
não há segurança para liberar a
circulação de pessoas no local.
Ele também não deu prazo para a conclusão dos trabalhos.
Os peritos acreditam poder
começar os trabalhos na segunda-feira. "Ainda não terminou
a estabilização, o que, segundo
o consórcio nos informou, deve
ser concluída neste final de semana. Aí, sim, vamos começar
o trabalho de preparação de coleta de materiais", afirmou Jayme Telles, chefe do núcleo de
engenharia do IC de São Paulo.
"Num primeiro momento se
falou em 60 e 90 dias. Eu acho
que lá para setembro deve ter
algo mais conclusivo. Há muitas frentes periciais, aço, explosivos, projetos", afirmou José
Carlos Blat, promotor criminal
que acompanha o caso.
Os laudos são os únicos instrumentos capazes de apontar
as causas do acidente e, ainda,
quem seria o culpado pela tragédia. Todas as informações e
depoimentos dados até agora
são considerados especulações.
Segundo o delegado Dejair
Rodrigues, responsável pela investigação policial do acidente,
somente depois desses laudos
será possível apontar algum
culpado. "Não tem suspeito.
Assim que o laudo ficar pronto,
aí sim podemos falar da causa
do acidente e eventuais responsabilidades", afirmou.
Ontem, em entrevista à rádio
CBN, o secretário dos Transportes Metropolitanos de São
Paulo, José Luiz Portella, pediu
"paciência" para a conclusão
do documento.
"Todos nós precisaremos ter
a paciência de esperar esse laudo. Houve um acidente semelhante no Heathrow, o aeroporto lá de Londres, que teve
um túnel semelhante do metrô
que desabou. Lá eles demoraram dois anos para fazer o relatório final", afirmou. "Eu também estou ansioso."
O laudo do IPT é considerado pelas autoridades como o
principal documento para
apontar o que ocorreu. Ficou
definido que ao menos quatro
especialistas de fora do instituto vão participar dos trabalhos.
Ainda não está confirmado,
porém, se o órgão recorrerá a
equipes estrangeiras. O valor
do contrato não foi divulgado.
O presidente do Metrô, Luiz
Carlos David, foi procurado ontem para comentar o assunto,
mas sua assessoria informou
que ele só quer falar depois da
conclusão do laudo do IPT.
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