|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presos de MG convivem com ratos e sarna
Cubículos de 30 m2 fedem a urina, fezes e abrigam 50 homens que nunca saem para banho de sol e têm ferimentos
A reportagem entrou na carceragem de Contagem e na cadeia de Ouro Preto, viu fios pendurados e nenhum extintor em condição de uso
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO
HORIZONTE
Baratas, ratos, lacraias e 50
homens dividindo, 24 horas
por dia, cubículos de 30 m2. Alguns têm doenças como sarna,
rubéola e ferimentos que não
sabem explicar. Essas foram as
condições que a reportagem da
Folha constatou em duas carceragens de Minas Gerais, administradas pelo governo Aécio Neves (PSDB-MG).
A Folha falou com presos, familiares e policiais civis do Estado e entrou na carceragem de
Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte) e na cadeia pública em Ouro Preto (89
km da capital mineira).
Apenas alguns minutos foram suficientes para sentir o
odor de suor, urina e fezes e verificar a situação de homens
que nunca tomam banho de
sol. Para caberem todos, é preciso ficar de pé o tempo todo.
Quem se senta dorme em meio
a ratos e lacraias.
Histórias desumanas contadas pelos presos, como a de um
homem espancado que teve o
cadáver comido por ratos, são
confirmadas por policiais. Não
há médicos e o abandono chega
ao extremo de o porteiro ser
um dos próprios detentos, em
regime semi-aberto.
As construções apertadas
-que deveriam comportar, no
máximo, seis pessoas- possuem fiações expostas e vazamentos. Nos locais que visitou,
a Folha também não encontrou extintores em condições
de uso. Incêndios causaram a
morte de 33 presos em acidentes em Ponte Nova (180 km de
BH), em agosto passado, e em
Rio Piracicaba (127 km da capital), na noite de 1º de janeiro.
Maurício Campos Júnior,
que há um ano é titular da Secretaria da Defesa Social de Minas, disse que os casos constatados pela reportagem são resquícios de uma situação que
deve ser apagada com o "processo acelerado" de melhorias
nas cadeias mineiras.
Procurado pela reportagem,
o governador Aécio não comentou o caso.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Cela em Contagem parece armário embutido Índice
|