São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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Policial é investigado por bem de R$ 15 mi

Delegado e ex-diretor do Detran-SP é acusado de comprar um terreno no DF com dinheiro desviado; ele nega

Suposta fraude em licitação do órgão deu prejuízo de R$ 11,9 mi ao governo paulista, diz Ministério Público

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

Você acharia normal um delegado de polícia comprar um terreno por R$ 15 milhões? A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público não acham.
Os dois órgãos investigam o delegado Ivaney Cayres de Souza sob a suspeita de lavagem de dinheiro -teria usado dinheiro desviado do Detran, do qual foi diretor, para adquirir uma área em Brasília, segundo documentos sigilosos obtidos pela Folha.
Souza dirigiu o Detran de setembro de 2005 a dezembro de 2006, período em que o órgão contratou novos fornecedores de placas. Ele é acusado pela Promotoria de ter fraudado a licitação com preços superfaturados para beneficiar duas empresas.
O superfaturamento deu um prejuízo de R$ 11,9 milhões ao governo paulista, segundo o Ministério Público. A Justiça ainda não decidiu se a acusação será aceita. Se for, Souza passa a ser réu numa ação criminal.
O delegado diz que a ação tem motivações políticas e refuta a acusação de fraude. Sobre o terreno, diz que seu filho foi apenas procurador da empresa que o comprou.

NEGÓCIO SUSPEITO
Souza é um policial fora dos padrões. Seus colegas o consideram o mais rico dos delegados da polícia paulista -é sócio de um grupo de 4.500 funcionários, que atua em segurança e serviços, anda em um Passat alemão blindado e sua mulher num Mercedes, também blindado.
A empresa de segurança que iniciou o grupo, a Pollus, funcionou anos no nome de um laranja do delegado.
A Corregedoria e os promotores vincularam a suposta fraude no Detran à compra do terreno ao consultar o Coaf, órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.
O Coaf informou que um filho do delegado, Ivaney Cayres de Souza Júnior, aparecia numa operação de compra de um terreno de 1.000 m2 num setor novo de Brasília, o Noroeste, onde o governo do Distrito Federal quer criar um bairro de feições ecológicas, o que gerou uma especulação desenfreada. Valor do negócio: R$ 14,997 milhões.
Souza Jr. é procurador da NS Empreendimento Imobiliário Noroeste 1 Ltda.
Levantamentos feitos pela Folha mostram que a NS tem todas as características de uma empresa fantasma.
Num dos endereços da NS em São Paulo, na Vila Clementino (zona sul), não há nem empregado na sala comercial alugada nem telefone. Um funcionário do prédio diz que a sala fica vazia o ano todo -é usada só para receber correspondência, recolhida por um motoboy.
Em outro endereço da NS, em Taboão da Serra, a situação é mais precária. A suposta sede da empresa fica numa casinha de 80 m2, que não vale nem R$ 40 mil, de acordo com uma imobiliária.


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