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ENSINO SUPERIOR
Expansão das particulares está próxima do limite, e 21% da oferta não é aproveitada, segundo o Ipea
Sobram vagas em universidades privadas
ANTÔNIO GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é a toa que se vê tanta publicidade de universidades particulares anunciando mais e mais vagas em seus vestibulares. Estudo
do sociólogo Paulo Corbucci, do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que
21% das 686 mil vagas oferecidas
pelas instituições particulares em
1999 não foram preenchidas.
Para o pesquisador, a expansão
do ensino superior privado no
Brasil está próxima do limite.
Com base em dados do Inep
(Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais do MEC),
Corbucci analisou a expansão da
demanda nas universidades públicas e particulares.
Nesses dois setores houve expansão da oferta de vagas. No entanto, nas escolas públicas o crescimento se deu em ritmo menos
acelerado do que a procura por
um lugar na sala de aula.
O inverso ocorreu na rede privada, ou seja, a procura foi menor
do que a oferta na década de 90.
Vestibular
Em 1990, havia mais inscrições
em vestibulares de particulares do
que no de públicas. Em 1999, o
oposto foi verificado.
"Os limites da demanda por ensino superior privado estão mais
próximos do que se poderia supor. Uma política de expansão
desse setor não pode prescindir
de uma ampliação de programas
de financiamento estudantil. O
simples aumento da oferta de vagas nesse setor não ajuda a diminuir o problema de acesso ao ensino superior", afirma o pesquisador do Ipea.
Segundo ele, o não-preenchimento das vagas nas escolas pagas
não acontece por falta de demanda, mas porque nem todos os estudantes que completaram o ensino médio têm condições de
pagar mensalidades.
O estudo mostra que, de 1990 a
1999, a relação candidato/vaga
nas universidades públicas subiu
de 5,69 para 8,26, um crescimento
de 45%. No mesmo período, essa
taxa caiu de 2,94 para 2,26 nas
particulares, uma queda de 23%.
Nas instituições do governo,
96% das vagas oferecidas foram
preenchidas pelos estudantes.
Uma das saídas apontadas por
Corbucci para aumentar o número de universitários no país é incentivar a expansão da rede pública. Sobre esse tema, ele afirma que
não é correto dizer que houve
contenção do crescimento do setor público nos últimos anos.
"Houve uma expansão significativa, só que ela se deu de forma
vertical, ou seja, quase não foram
criadas novas universidades. O
que aconteceu foi que as instituições já existentes, mesmo sem
contratar novos professores, estão conseguindo oferecer mais
vagas", diz o pesquisador.
Fenômeno inverso se deu na rede particular, onde o crescimento
no número de faculdades foi mais
significativo.
Comparação
O estudo questiona também a
tese de que o estudante de instituições públicas é mais rico do
que o das particulares.
Com base na Pesquisa sobre Padrões de Vida do IBGE, Corbucci
mostra que 78% dos matriculados em escolas pagas pertencem
aos 20% mais ricos da população.
Nas públicas, essa porcentagem é
um pouco menor: 72%.
Outro ponto abordado é a predominância do setor comando
pelos governos na formação de
doutores e mestres. O setor particular responde por apenas 15%
das matrículas em cursos de mestrado e 9% nos de doutorado.
"As universidades públicas desempenham um papel importante nessa área. A qualidade do ensino nas particulares está atrelada à
formação na pós-graduação", diz
o pesquisador do Ipea.
Ele explica que as instituições
privadas necessitam de doutores
e mestres para melhorar o ensino
e sua avaliação nos exames do
MEC. "Quem mais forma esses
profissionais são as universidades
públicas", constata Corbucci.
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