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POLÍCIA
Interceptações telefônicas mostram ainda ligação dele com autoridades
Em MG, delegado é acusado de tortura
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Interceptações telefônicas realizadas pelo Ministério Público de
Minas Gerais no celular do delegado Marco Túlio Fadel, preso
preventivamente entre outubro
de 2003 e fevereiro deste ano, revelam a suposta prática de tortura
e coação de testemunhas pelo policial, além de contatos, mantidos
de dentro da prisão, com várias
autoridades do Estado, entre os
quais dirigentes petistas.
Entre as autoridades flagradas
nas gravações, feitas em outubro,
estão a presidente do PT mineiro,
deputada federal Maria do Carmo
Lara, deputados estaduais, membros do Diretório do PT em Igarapé (cidade onde o delegado é lotado) e o juiz-corregedor e diretor
do Fórum de Belo Horizonte,
Wanderley Salgado de Paiva.
Denunciado pelo Ministério
Público por tortura, coação de
testemunhas e concussão (extorsão cometida por funcionário público), Fadel teve a prisão preventiva decretada em 7 de outubro.
Ficou no Deoesp (Departamento
de Operações Especiais) da Polícia Civil até fevereiro, quando obteve a revogação da prisão. Após a
soltura, outros pedidos de prisão
foram expedidos contra ele, que
ainda não se apresentou.
Em uma das 29 fitas, ele pergunta ao seu advogado se "peteleco" e
"tapas na cara" consistiam tortura. Em outro trecho, diz ter "pendurado mais de 1.500 homens" e
que isso "nunca deu problema".
A denúncia de tortura contra o
delegado foi feita por três acusadas de latrocínio. As gravações,
periciadas pela PF, mostram ainda Fadel, após ser preso, articulando manifestações de apoio a
ele, bem como a saída da prisão.
Do juiz Paiva, ex-delegado, ele
recebeu orientações jurídicas.
"Tem que entrar com o agravo
[recurso judicial] também", diz.
Recebeu, na secretária eletrônica, votos de confiança do presidente do Diretório do PT em Igarapé, Marco Túlio Chiabi -que,
segundo a Promotoria, auxiliou
na organização de um ato de desagravo a favor do delegado. No
dia 6 de outubro, antes de ser preso, Fadel recebeu ligação da presidente do PT em Minas e pediu a
ela que intercedesse a seu favor.
Pelo telefone, o delegado também organizou um churrasco na
carceragem e, segundo o Ministério Público, dirigiu ameaças a pessoas envolvidas nas investigações.
A PF, que entrou no caso a pedido do deputado estadual Durval
Ângelo (PT), investiga indícios de
outros crimes. Ângelo disse que
pedirá o afastamento do juiz Paiva e do diretor do Deoesp, intervenção no diretório em Igarapé e
expulsão de petistas supostamente envolvidos com Fadel.
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